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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Tesnota – Rússia – 2017

Atualizado: 22 de ago. de 2020


Rússia, 1998. Ilana Koft, Ila, é jovem, judia, russa, pobre, mora em uma pequena e fechada comunidade judaica, na cidade de Nalchik, com seu irmão e seus pais, e trabalha como mecânica de automóveis na oficina de seu pai. Após comemorarem o noivado de seu irmão, David, ele sai para deixar Lea, sua noiva, e ambos são sequestrados, revelando a verdadeira natureza das relações de Ila com seus pais e sua comunidade e o mundo ao seu redor. O roteiro de Kantemir Balagov e Anton Yarush estabelece, rapidamente e com precisão, o cenário sob o qual se configura a trama principal, Ila, que gosta de trabalhar como mecânica e não quer deixar o ofício para algo “mais apropriado” para uma mulher, a compreensão e admiração do pai, a relação próxima com o irmão, e o controle de sua mãe, Adina, uma típica mãe judia, e a rebeldia de Ila, que mantém um relacionamento com um homem, que além de não pertencer à sua comunidade, não é judeu.

Quando seu irmão, David, e sua noiva, Lea, são sequestrados, é exigido um alto resgate, e novas luzes são lançadas sobre os relacionamentos de Ila, com seu pai e com sua mãe, de sua família, com a comunidade judaica, e de Ila, com seu namorado, que a farão reavaliar seus laços sociais, culturais, religiosos e amorosos, e refletir e questionar sua proximidade com todos os envolvidos, mas, especialmente, com seu pai, seu irmão, sua mãe e seu namorado. A trama também ilumina e extrapola esses dilemas para os plurais e isolados grupos étnicos-religiosos que compõem o povo russo. A direção de Kantemir Balagov é muito boa e imprime realismo às imagens e à trama. Darya Zhovnar está ótima como Ila, também o estão Atrem Cipin e Olga Dragunova, como seu pai e sua mãe, respectivamente, e o resto do elenco oscila em torno do competente. A fotografia corrobora o enredo, tanto em suas escolhas, quanto na limitação do campo de visão, sugerindo confinamento, e estreitamento. As locações são muito bem escolhidas, a arte é excelente e a edição é boa.

Um tratado sobre as relações pessoais, sociais, culturais e religiosas, suas proximidades e seus afastamentos, sob a ótica de uma jovem judia diante de diferentes prospectos quando seu irmão é sequestrado. Vale assistir. PS: Em cartaz.

TRAILER

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