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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Mario – Suíça – 2018

Atualizado: 22 de ago. de 2020


O maior atrativo deste trabalho é a ousada premissa nunca antes abordada pelo cinema sobre a homossexualidade existente ainda que camuflada no conservador e preconceito meio futebolístico mundial; um assunto tabu! O diretor e roteirista Marcel Gisler, opta por uma abordagem muito pessoal, com personagens comuns vivendo suas juvenis pretensões e sonhos de galgarem uma carreira profissional para construir um romance delicado, porém realista, que envolve o expectador não pela questão amorosa- sexual entre os dois atletas, mas pelo medo constante de uma exposição que não só inviabilizaria uma carreira de sucesso e o drama de sofrer fortes rejeições por parte dos próprios colegas dentro do ambiente e profissão que se ama. Afinal, futebol é coisa de macho! Ou não?

Seguindo uma narrativa clássica que dispensa flashbacks, reviravoltas ou mesmo subtramas, mesmo com alguns pequenos problemas em sua estrutura e ousando apostar na previsibilidade do roteiro, “Mario” aposta mais na autenticidade de sua estória recheando-a com vários momentos dramáticos e poderosos sob a ótica humana apresentando cenas repletas de alguns desconfortos e até suspense. Acertadamente a direção opta por certa “compostura” estética na configuração das cenas de amor evitando o picante e o chocante preferindo romantizá-las de uma maneira mais suave e delicada de forma a não chocar ninguém e não desvirtuar do polêmico foco principal, na obrigatoriedade e na necessidade de se construir uma vida de falsas aparências, repletas de mentiras para manter o sonho de jogar futebol em primeiro lugar.

Delicadamente atento as questões, este drama suíço usa ma estória repleta de emoções pessoais, profissionais, familiares e uma bela amizade com interpretações realistas de todo o pequeno elenco sempre com atuações muito introspectivas e igualmente envolventes para expor sua questão maior: As regras não escritas e não faladas do futebol profissional atual, afinal “ser gay não é bom para o valor de mercado, para o retorno do investimento do clube e muito menos para os patrocinadores”, mas sejam felizes desde que neguem peremptoriamente o fato e apareçam sempre com mulheres. Com momentos de bela fotografia e trilha competente, embora possa parecer longo pelo ritmo mais cadenciado das sequências, o que começa prometendo apenas mais um filme de amor bonitinho vai, por baixo desse verniz ficcional, transformando-se num conto instigante que denuncia inteligentemente uma realidade tão atual quanto encoberta sobre discriminação e preconceito que obriga atletas a viverem brilhando nos campos enquanto escondidos por obrigação profissional. Valem as reflexões!

PS: Sem estréia prevista para o Brasil, deverá chegar através dos serviços de Streaming


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