Lançado em Cannes/2017 o filme da diretora Lynne Ramsay, (Precisamos Falar Sobre o Kevin), com roteiro baseado no livro de Jonathan Ames e que deu a Palma de Ouro de Melhor Ator a Joaquin Phoenix e Melhor Roteiro, é um Thriller psicológico forte e violento, mas que escapa, felizmente, dos padrões estéticos e narrativos hollywoodianos.
Com roteiro simples e “quase” linear sobre a vida do complexo e conturbado veterano de guerra que trabalha resgatando mulheres de cativeiros onde trabalham como escravas sexuais, joga com lentidão narrativa em seu início construindo indícios e algumas vagas pistas sobre a personalidade deprimida do protagonista e ganha enorme ritmo quando ele é contratado para resgatar a delicada e frágil adolescente Nina, da máfia do trafico, assomando uma perspectiva sombria recheada de violência sem limites.
Ainda que nada seja inverossímil na proposta, Phoenix nos obriga a acompanhá-lo na espinhosa jornada por conta de uma das melhores e mais impressionantes e complexa atuação de sua carreira na pele de um atormentado protagonista que foge totalmente da imagem que possamos fazer de um justiceiro que se dedica de corpo e alma a salvar vitimas inocentes.
Ok, é preciso ter estômago bom para encarar algumas cenas, mas ele nos envolve através de seus mistérios acrescidos pelas poucas linhas de diálogos e deixando para o expectador a tarefa de reunir as sutis peças para a compreensão de uma trama muito bem amarrada pela trilha sonora, fotografia, direção e edição que, juntas, criam uma linha de imprevisibilidade tão constante quanto angustiante em sua impecável e complexa narrativa repleta de camadas que, só mesmo um Joaquin Phoenix com seu cansaço existencial seria capaz de transmitir e fazer de “#YouWereNeverReallyHere” algo que mereça ser assistido como também revisto para decupar o intrincado desenvolvimento de um personagem ainda que tenhamos que passar pelos sórdidos becos da perfídia humana para chegar no redentor altruísmo
TRAILER