Um inventor, em busca do sucesso, vislumbra em uma competição, para dar a volta mais rápida ao mundo velejando sozinho e sem aportar, a possibilidade de promover seu nome, sua empresa e suas invenções, apesar de ser um velejador amador e ter pouca experiência em mar aberto. Baseado em uma história real, Somente O Mar Sabe narra a saga de Donald Crowhurst em busca do sucesso.
O roteiro, linear, estabelece, inicialmente, o cenário o qual Donald deixará para trás: sua mulher, três filhos, uma casa confortável, uma empresa malograda; seu grande ego, que resolve projetar e construir um novo e mais rápido barco para a empreitada; e os riscos, de perder sua casa e empresa ao buscar recursos para financiar seu sonho. E se desenvolve na jornada propriamente dita, conjecturando, a partir dos diários e filmes que Crowhurst manteve pelo contrato firmado com a BBC para financiar e cobrir sua viagem, os fatos decorridos em sua trajetória. A direção é competente, especialmente na orientação dos atores. Colin Firth está ótimo no papel de Donald, apesar, de antes de sua partida, transparecer mais maus presságios do que inseguranças, talvez, tenha sido essa a intenção, e Rachel Weisz e David Thewlis, também ótimos, como o resto do elenco. A música e a fotografia se sobressaem dentre os critérios técnicos, e a reprodução da época é primorosa. O filme, porém, não deslancha e envereda em um caminho, sem deixar margens à possibilidade de reviravoltas, se eximindo de criar suspenses, mesmo que infactíveis, e se perde ao tentar estabelecer o cenário psicológico, completamente hipotético, do protagonista em suas adversidades.
Apesar de grandes atuações, fotografia, música e arte excelentes, James Marsh não consegue repetir o feito de A Teoria de Tudo, que além de ter trama mais contundente, a adaptação foi mais competente. Cenários hipotéticos em bases reais, talvez, se beneficiassem mais com a total quebra de paradigmas, que as dúvidas permitem elucubrar, do que uma trama convencional sobre somente o que o mar sabe.
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