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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Guerra nas Estrelas – Os Últimos Jedi - EUA – 2017

Atualizado: 18 de ago. de 2020


Superlativo é O Último Jedi em diversas perspectivas. Efeitos especiais magníficos, fotografia e arte primorosas, orçamento de duzentos milhões de dólares e duração, cento e cinquenta e dois minutos. Audacioso também é, entregando o roteiro e direção a Rian Johnson, um diretor e roteirista inexperiente. Arrogante inclusive, tendo a certeza do sucesso dissociada da qualidade do produto final.

O Último Jedi retoma, basicamente, de onde deixou a história O Despertar da Força. Rey, na ilha com Luke, a rebelião em fuga, agora cercada pela Primeira Ordem. Parece ser a abertura ideal para a aventura, contudo o desenrolar é difuso, diluído e dúbio. A história acaba por se quebrar em mais entrechos daqueles já antevistos: Rey e Luke, Rebelião versus Primeira Ordem. Nesse intuito, acaba por introduzir novas personagens mal o espectador simpatizou e envolveu-se com os atuais – Rey, Finn, Kylo e Poe -, diluindo suas relevâncias dramatúrgicas e suas importâncias, a exemplo do General Hux, que poderia ser completamente extirpado desta sequência e degenera-se em uma figura histriônica relevantemente diferente do visto no episódio anterior. A tessitura dramática equivoca-se permeando jocosidade, aqui e acolá, em grande parte das cenas, personagens e, inclusive, em novas criaturas, concebidas para conquistar o coração dos fiéis fãs. Até mesmo Yoda, cuja textura dramática já abandonara a comicidade há tempos, retorna bufão. O espectador, sagaz, perceberá a ínfima evolução dramatúrgica da espinha dorsal da saga. Finalmente, o imediatismo piora o cenário: onde a transformação de Luke em Jedi levou anos, a de Rey é quase instantânea. Todos os tempos e contratempos, voltas e reviravoltas, são desenrolados com ímpar rapidez e leviandade.

O roteiro de Rian Johnson é pueril, frívolo e imaturo, como sua experiência. Sua direção consegue ser ainda pior, vacilando em direcionar os atores ao tom jocoso do roteiro que acabam não por se tornarem histriônicos, mas canastrões. Na berlinda, não só o General Hux, interpretado por Domhnall Gleeson, como também Poe Dameron, de Oscar Isaac. Tanto Gleeson, quanto Isaac, dois atores em franca ascensão, perdem preciosos pontos com suas atuações canastronas, mas Daisy Riley, John Boyega, Adam Driver, Laura Dern e Carrie Fisher não ficam nada atrás. Triste a forma como Fisher encerra a sua carreira. Lupita Nyong’o é o grande realce do desafortunado elenco, em uma aparição relâmpago e brilhante como Mas Katana. Mark Hamill foi o único afortunado que manteve a integridade da personagem, apesar de sua atuação não ser, em nada, melhor do que suas anteriores. É indecente falar dos critérios técnicos, afinal, são duzentas milhões de razões para que todos sejam maravilhosos, e são. Contudo, a menos dos efeitos especiais, nenhum é ímpar o suficiente para uma indicação ao Oscar.


O consumidor de cinema, mesmo daquele de uma linha mais acessível, como Guerra nas Estrelas, deve se questionar até que ponto o sucesso de uma saga chancela um episódio um tanto infeliz ao sucesso e a partir de quando deve-se usar o seu poder de barganha, o poder de não consumir qualquer coisa, para cobrar e exigir dos estúdios produtos que façam jus ao amor e à fidelidade que os fãs devotam às diversas mitologias. Totalmente dispensável para quem não é apreciador e dicotômico, para quem é.

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