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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Tom of Finland- Finlândia-2017

Atualizado: 17 de ago. de 2020


O candidato da Finlândia na disputa ao Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro é uma cine-biografia interessante, porém com nítidos problemas de ritmo, estrutura cênica e de falta de empatia dramática com o biografado. Touko Laaksonen, artista gráfico de formação clássica e veterano de guerra finlandês que foi hostilizado em sua época por conta dos seus desenhos homo-eróticos e hoje tornou-se respeitado e admirado mundialmente pelo apuro técnico de seus trabalhos, seria, talvez, uma história curiosa a ser contada, mas o enfoque confuso da abordagem, ora classicista demais, intercalada com breves arroubos de audácia, ora pedagógica ilustrativa, coloca quase tudo a perder. Pena. O retrato da sociedade Finlandesa de então (e alemã), nos anos 1970, quando o conservadorismo e a homofobia criminalizavam e perseguiam a homossexualidade e o salto para uma Los Angeles acolhedora e permissiva, passando pelo posterior momento da AIDS onde os trabalhos do retratado culminaram em grande importância sociopolítica, seriam elementos históricos que poderiam compor um drama até impactante, mas não. A montagem, por seguir uma cronologia confusa apostando nos batidos recursos dos flashbacks atrapalha até a história pessoal e íntima do homem que não se envergonhava de sua opção sexual desafiando acintosamente as rígidas convenções com seu “casamento” de mais de 30 anos, apenas ameaça produzir algumas catarses que nunca se concretizam. Se, a personalidade, a coragem e arte erótico-pornográfica de “Tom of Finland” eram uma subversão e um libelo contra a repressão sexual (como foi reconhecida), o didatismo da direção apenas contribui para suavizar e atenuar a ideologia da liberalidade sem lograr êxito ao desenvolver de modo convencional os diversos ingredientes de uma boa história tangenciando as transgressões em prol de uma estética a beira do casto. Ainda assim, a proposta da Finlândia em resgatar a memória de um de seus artistas mais célebres, desenhando tempos nebulosos, tem os inegáveis méritos de um bom e promissor croqui.

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