E, para completar nossa trilogia: “Na minha garganta não!” revisitamos o que achamos ser o clássico dos clássicos do gênero: Uma das características mais marcantes neste clássico é o tom de mistério que o envolve do início ao fim com maestria. O presente, o passado e o futuro estão e são evolvidos por uma névoa na qual podemos ver através, mas nunca, nunca, enxergar todos os contornos. Quebrando de forma elegante, romântica e poética todos os clichês do gênero, foge do óbvio amparando-se nas sutilezas, nos silêncios, nas cortinas brancas esvoaçantes, na trilha impressionante, nos sons das cordas de violino, em sonatas, no dedilhar calmo das teclas de um piano, misturando o tom gótico com modernidade de forma jamais vista antes nas telas. Absolutamente tudo neste trabalho é elegante, belo, poético, clássico e sutil, embora trate de temas fortes como o ancestral e tão pontual anseio do ser humano em descobrir uma formula para combater a “doença” da velhice e, a solidão secular somente anestesiada pela busca do verdadeiro amor, desde que eterno; enquanto dure. Por certo que, temas como esses, não poderiam fugir da extrema angustia, da dor e do desespero e, é exatamente encobrindo com mais uma delicada sutileza que a simbologia dos óculos escuros, como máscaras nos impressiona. Com interpretações impecáveis, e uma cena de amor lésbico antológica, carnal, esfumaçada e volatizada em tons de branco e bater de asas, "Hunger" nos fala de questões e emoções profundas, tão profundas e insondáveis como a beleza de um poema que nos toca o âmago d’alma ainda que saibamos que não atingiremos sua infinitude.
TRAILER