Eis um daqueles tipos de trabalho repleto de boas e importantes intenções no qual o roteiro tem função de desperdiçar o tema ainda que insista no batido slogan “baseado vagamente em fatos reais”. Centrado no ano de 1973, durante a hedionda e macabra ditadura de Pinochet no Chile e, focando na “Colonia Dignidade”, um real campo de prisão e tortura nazista que funcionou durante anos cometendo as mais atrozes barbaridades e crimes contra a humanidade, sem dúvida seria um tema magnífico para ser desenvolvido como cinema histórico ou cinema denúncia. Engano! Roteiro e direção conspiram pelo não aprofundamento nos temas de altíssima relevância, optando por um modelo “Argo” com direito a todos os clichês batidos do gênero “fuga do inferno”. Talvez a direção tenha apostado demais na conjunção do par romântico (sim romântico), interpretado pelo importantíssimo ator alemão Daniel Bruhl, mais a conhecida Emma Watson para contar sua história e jogado na vala comum um plot mais que relevante historicamente. Bruhl funciona bem em sua personagem, mas o peso dramático recai sobre Watson, incapaz de demonstrar mais que meia dúzia de emoções nas duas horas do longa. Apática. Como se a sucessão de erros e buracos do roteiro não bastassem, os 130 dias passados dentro de um “inferno” comandado por um pedófilo camuflado em líder religioso, é tão rápida que fica fácil se desinteressar do argumento e prever com muita antecedência o destino dos protagonistas. Algo muito desconfortável que ajuda bastante na descaracterização dessa trágica narrativa é a questão da linguagem adotar o inglês e o alemão como linha condutora descaracterizando uma história tão importante situado no Chile que fala, como todos sabem, espanhol. Soa falso! “#Colonia”, não satisfeita com uma série de “bagunças” no roteiro, minimiza o thriller político, a denúncia histórica (mesmo que tente resgatá-la nos créditos finais), tornando-se apenas um melodrama que pretende ser um super suspense- perseguição -clichê, em desrespeito com a seriedade que um tema de tal envergadura merecia ser respeitosamente tratado e revelado ao mundo. Lamentável.
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