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  • Foto do escritorCardoso Júnior

A Pele de Venus - França - 2015

Atualizado: 15 de ago. de 2020


Por motivos que desconhecemos, este genial trabalho do não menos genial Roman Polanski, demorou quase dois anos para chegar ao Brasil, deixando cinéfilos boquiabertos e ansiosos, principalmente depois de “Deus da Carnificina” (2011), seu ótimo e ultimo trabalho a aterrissar por aqui.


A proposta cênica deste, baseada em um clássico da literatura de 1870, segue a linha de outra adaptação teatral com seu inusitado pioneirismo e audácia cinematográfica afastando-se do comercial-digerível-raso, optando por uma metalinguagem para quem se dispõe a mergulhos mais profundos em propostas artísticas com reflexões e decodificações. Centrar uma história em um palco, passada apenas em uma noite, deflagrada pelo embate apenas de dois atores, lembrou-nos um tempo no qual Bergman provocava longos debates pós-sessão para deleite e aprimoramento interpretativo das plateias. O “plot” é muito simples: Um renomado dramaturgo, diretor de teatro, é confrontado por uma aspirante a atriz. Simples. Mas não é, pois o texto, obviamente com muitos diálogos inteligentíssimos, passeia entre o surreal, o cômico e o dramático com tamanha agilidade e alternância que requer atenção constante para perceber que vai muito além da pele, que trata-se de um mergulho nas entranhas psicanalíticas dos paradigmas e arquétipos universais.

Polanski, lida, ardilosamente e sutilmente com temas como: amor,(a submissão e a dominação intrínseca a ele), a igualdade e desigualdade dos sexos, a vaidade humana sem tomar partido ou mesmo escorregar para um discurso tendencioso ou moral. O estratagema do diretor e sua câmera intrujona, brincam flutuando entre o onírico e o real - entre réplicas e tréplicas- sem revelar em qual plano situa-se, deixando por conta do expectador todas as possibilidades; em aberto. Muito depois que todas as portas se fecham. Com apenas dois protagonistas brilhantes em exercício pleno do verbo atuante, “Venus in Fur”, além de ser uma provocação para os sentidos também pode ser a exumação dos fantasmas do próprio Roman que, supera-se outra, outra vez. “E o Senhor Todo-Poderoso o golpeou e colocou-o nas mãos de uma mulher”.

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