Analise 1.693
E mais um país lança sua candidatura ao Oscar 2025 e, ninguém menos que o sempre ótimo e respeitável Cinema Sul Coreano.
Baseando-se em eventos reais, 12.12: The Day, é de longe o filme de maior bilheteria esse ano na Coreia, por ser um portentoso drama e, ao mesmo tempo, thriller de guerra, eletrizante e repleto de suspense, ambientado em 1979 quando ocorreu o golpe militar de 12 de dezembro, concentrando-se em suas duas horas de tela nos nove dias de conjurações e impasses entre líderes militares de duas facções governamentais distintas que culminaram no golpe de Estado.
Ainda que se destaque soberbamente, é preciso que se diga que não é o primeiro filme daquele país a tocar no espinhoso tema, haja visto o ótimo “O Motorista de Táxi” que também representou o país em 2017 que você pode ler clicando aqui.
Dito isso, com uma precisão cronológica impecável dos eventos, não se faz necessário que o espectador tenha conhecimento da história Sul coreana para que não consiga desgrudar os olhos da tela onde roteiro, trilha, interpretações, cinematografia e preciosa edição, mantém o pico de tensão absurdamente alto, num dos mais bem construídos feitos da história do cinema moderno, fazendo-nos ansiar por uma pausa que nos permita respirar para poder voltar a mergulhar no engendramento de uma trama magnífica.
Se, por um lado o espectador pode pensar tratar-se apenas de um evento puramente regional, por outro, questões como corrupção ativa e enraizada no sistema político, jogos de poder, e os meandros da implantação de uma ditadura são, definitivamente temas não só atuais como universais, vide tantos exemplos do passado e da contemporaneidade tornando a mensagem extremamente relevante como um grito de alerta.
Com vários fatos acontecendo ao mesmo tempo e simultaneamente, essa batalha do bem contra o mal, repleta de mocinhos e bandidos, nos envolve inexoravelmente com seu desenvolvimento elétrico, diálogos muito rápidos (mas compreensíveis), dezenas de coadjuvantes, centenas de figurantes, apresentando um trabalho de luz e sombras nas raias da perfeição estilística sempre amparado pelo design de som impressionante que seguram e amplificam um senso de urgência angustiante e uma turbulência incessante que, por vezes, fica difícil de acompanhar, mas jamais deixar de compreender.
Por fim, 12:12 é um dos filmes mais bem construídos em todos os quesitos cinematográficos oferecendo uma visão de “como se constrói e comporta um ditador” e, apesar de ter artilharia pesada, armas que não acabam mais e alguns tiroteios, nunca explora a violência ou a sanguinolência, configurando-se num trabalho histórico e cinematográfico mais que louvável principalmente por revelar como tão bem se disfarçam as ditaduras sob as aparências democráticas!
Bravo!
TRAILER
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