#ElaDisse que procura seguir a linha já conhecida de thriller jornalístico investigativo que já nos deu ótimos filmes, explora os bastidores da investigação, das descobertas e da, por fim, publicação da reportagem que denunciou e levou a prisão o ex e poderosíssimo produtor, dono da Miramax, Harvey Weinstein.
Roteirizado a partir do livro homônimo escrito pelas jornalistas retratadas no filme por Carey Mulligan e Zoe Kazan, esse importantíssimo e mais que relevante trabalho que revolta qualquer um diante do forte esquema de acobertamento (por parte de muitos), dos danos e traumas sofridos pelas vítimas de um predador sexual ao longo de três décadas, falha em muitos aspectos fílmicos.
Com certeza vemos enorme delicadeza e respeito na tomada dos depoimentos das vítimas – de mulher pra mulher – por parte das investigadoras, contudo, o roteiro se esquiva de mergulhar mais fundo na questão (como faz o livro), quando abre a vertente de nos mostrar a vida pessoal das repórteres, algo nitidamente irrelevante para a história e que acaba por ser bem mal desenvolvido.
Essa opção acaba também por amenizar o pico de tensão investigativo tão importante no gênero e ainda põe por terra não só o trabalho das protagonistas -principalmente da Carey Mulligan- bem como chega perto de praticamente anular a importância (participação) de personagens “secundários” dentro da redação do jornal, ofertando-lhes apenas meia dúzia de falas como é o caso da Patricia Clarkson.
A edição e montagem de #SheSaid também falham ao inserir cortes bruscos que prejudicam não só o foco da temática, mas também comprometem o ritmo narrativo e, consequentemente, se não afasta o espectador da trama, o coloca em distanciamento emocional dela.
Uma pena diante da magnitude e urgência do assunto.
