Um Gêmeo a Menos– EUA -2025

Analise 1.771

Saído do Festival de Cinema de Sundance 2025, diretamente para alvoroço nas redes sociais, o segundo longa metragem do diretor roteirista James Sweeney, é um “bromance” nada convencional por envolver vários assuntos interessantes como: Como lidar com o luto da perda de um ente querido, codependência emocional, solidão, fixação erótica; repleto de diálogos inteligentes com uma pitada de suspense e muito de uma perspicaz comédia ficando difícil estabelecer um gênero especifico.

Partindo de um encontro entre um hétero e um gay em meio a um grupo terapêutico que busca apoiar emocionalmente aqueles que perderam um irmão idêntico, o roteiro, com direito a algumas reviravoltas e um flashback importante para a narrativa, o jovem diretor alterna de um personagem para o outro em vários momentos além de complicar sua estória quando revela para o público questões, ações e intenções que os outros personagens ignoram trazendo o público para dentro da trama.

Em twinless, a tensão dramática é constante ainda que dentro de uma atmosfera repleta de humor sarcástico intencionalmente desconfortável ampliada pela trilha sonora ao retratar uma forte amizade tendo como liga o vazio emocional de duas pessoas que se atraem pela solidão – e não só – mas o espectador sabe, muito cedo, que isso não pode e não acabará bem, mas o jeito é esperar para ver o quanto, quando e o como as coisas degringolarão... ou não.

Com atuações mais que convincentes em papéis com personagens com muitas ambiguidades, o jovem diretor utiliza-se de um drama familiar para ir costurando camadas repletas de estranhamentos e intencionalmente provocativas beirando a tragicomédia através de uma montagem frenética e a sucessão de planos sombrios compondo uma atmosfera onde todo o contexto poderá implodir a partir de um luto, pelos caminhos da ansiedade desenfreada, culminando em violência explícita.

Ainda que coerência não seja o ponto forte, as surpresas mantêm a energia cênica sobre a angustia da solidão e a imperiosa necessidade de encontrar o amor no mundo e ter a sensação de pertencimento mesmo que, lamentavelmente, seja apenas o objeto de uma distorção.

Twinless pode ser tão profundo assim, ou apenas mais uma estória queer um tanto diferenciada e engraçada. Depende dos olhos que acompanham.

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