É claro que você já saiu de casa para comprar um presente. Todos nós já fizemos isso. No entanto, como disse Drummond, “No meio do caminho tinha uma pedra”, mas tal pedra, na vida de nosso protagonista, é o conhecido “checkpoint 300” o posto de controle israelense entre Belém e Jerusalém.
Não, não será preciso você conhecer a história da ocupação israelense na palestina/Cisjordânia, pois a cineasta britânico-palestina, Farah Nabulsi, parte de uma ficção para compor uma estória muito simples e extremamente direta onde qualquer espectador compreende a amplitude dramática mesmo que nunca tenha ouvido nada sobre o tema.
#ThePresent é aquele caso raro onde a ideia do roteiro sempre permanece muito maior que qualquer adição de floreios e ou subtramas provando que é perfeitamente possível fazer cinema de alta qualidade com poucos recursos desde que mantendo o naturalismo sem perder o foco no realismo.
Em seus rápidos e incrivelmente tensos 25 minutos de tela, muito bem compassados, o desafio de um pai e uma filha para comprar um presente, torna-se uma jornada não só cativante - daquelas que não desgrudamos os olhos da tela certos de algo muito ruim irá ocorrer-, como também uma denúncia e um libelo contra preconceitos enxertados no dia-a-dia de milhares de pessoas que acabam tornando-se muito naturais ainda que restrinjam e violem o sagrado direito de ir e vir por puro autoritarismo.
Com uma cinematografia que eleva aos píncaros a produção, (inserindo várias armadilhas prisionais) trilha sonora de perfeito encaixe e atuações naturalistas ao extremo, #OPresente é um trabalho não só urgente como uma forma de mostrar-nos o quanto a humanidade ainda precisa evoluir.
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