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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Joe Bell - EUA - 2020


#GoodJoeBell, baseado em uma história real, versa sobre a personagem principal após o suicídio de seu filho, Jamie, perseguido na escola por ser homossexual. Apesar das contundentes circunstâncias que levaram Joe a peregrinar pelos Estados Unidos até Nova Iorque, levando conhecimento sobre bullying e suas consequências, o roteiro não versa sobre Jamie Bell, mas sobre seu pai, e sua conciliação interior com suas atitudes e, pode-se também dizer, responsabilidades na decisão de seu filho em tirar a própria vida.


Portanto, não é um tratado sobre bullying ou homofobia, para decepção de muitos, mas uma delicada trama de autoconhecimento e reconhecimento de responsabilidades, de ausências, de seus preconceitos, de suas falhas, de sua falta de empatia, de suas covardias, por mais dolorosos que possam ser. Logo o texto não aprofunda nas questões primordiais de Jamie, mas nas de Joe, abordando superficialmente, seus dilemas, suas dores, e o seu suicídio.


Além de decepcionar aqueles que esperavam as abordagens de bullying e homofobia, o texto também, bravamente, descarta as narrativas na formação das sexualidades, explicitando que não é uma construção, não é uma retórica, mas uma descoberta, e jamais tangencia discursos politicamente corretos ou ideologias, para contar sua estória. O final decepciona um pouco com uma reconciliação espiritual de pai e filho, ao invés de deixar o expectador na dor e no vazio, que seriam mais contundentes e relevantes.


Mark Wahlberg concede sensibilidade e sofrimento e, simultaneamente, dureza e indiferença a essa, que talvez, seja sua melhor entrega a uma personagem. Reid Miller está bastante verossímil enquanto Jamie vivo, conferindo muita contundência å personagem, e muita franqueza enquanto morto. Connie Britton atribui o equilíbrio necessário a sua, e o jovem Maxwell Jenkins capta e transmite perfeitamente as nuances e sentimentos da sua. A direção de Reinaldo Marcus Green concede muita delicadeza ao texto, com imagens que não transferem o foco de Joe para Jamie, afinal a trama trata do primeiro, e não do segundo, com tomadas oportunas e inteligentes. Critérios técnicos são todos ótimos.


#JoeBell é um filme que conta uma estória, baseado em uma história, sem tangenciar proselitismos ou ideologias, e sem levantar bandeiras, sobre tema para o qual Hollywood certamente exigiria essas abordagens, motivo pelo qual um filme tão bem realizado tenha passado desapercebido de todos. Vale demais assistir.



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