Vencedor do importante Festival de Annecy e ganhador do Grande Prêmio do Júri de Documentário Mundial de Cinema em Sundance/2021, este inovador e relevante documentário em raro formato, é comovente e muito emocionante desde o início quando somos informados tratar-se de história verdadeira e que os nomes dos personagens foram modificados para proteger os protagonistas de uma inacreditável jornada de desventuras e traumas profundos vivenciados por uma família de refugiados afegãos em sua aguerrida luta por sobrevivência.
Descrito da forma acima, #Flee, definitivamente parece ser mais do mesmo e, muito embora o plot seja exatamente este, o diretor Jonas Poher Rasmussen ao entrevistar seu amigo, provoca uma enxurrada de memórias infantis e reminiscências juvenis, trazendo à tona sua vida e a fuga do Afeganistão (vide noticiários recentes), e o dilema de ser um garoto, um jovem gay em um mundo mulçumano, fatos que até hoje o assombram.
Novamente, dito assim, #Fuga, não parece ser nada demais, porém a produção recorre a um hibridismo estético extremamente eficaz onde a animação feita a mão conjugada com imagens de arquivos de épocas - formatando o contexto histórico-político da narração - provoca-nos uma imersão onírica e terapêutica no drama, levando-nos para dentro da trama de forma irremediável.
Com ritmo estruturado que costura muito bem várias camadas da narração intercalando oportunos flashbacks em meio a linha de tempo atual, em seus 90 minutos, #Flee, utiliza-se da rotoscopia (redesenho de quadros filmados), em contraponto com traços indistintos a carvão para ampliar o peso emocional de uma história elevando toda a obra para um patamar absolutamente notável também por conta da trilha sonora e da impressionante mixagem de som.
Sim, ainda ouviremos falar muito de Flee na próxima temporada de premiações.
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