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  • Foto do escritorFábio Ruiz

O Oficial e O Espião - França - 2019

Atualizado: 19 de ago. de 2020


#JAccuse, último filme de Polanski, baseado no romance de Robert Harris, em fatos reais, e no artigo de Émile Zola que o entitula, é uma obra superlativa em diversas perspectivas. Cinematograficamente, traz a direção impecável de Polanski, que, como ninguém, consegue mimicar a contemporaneidade da época com uma grandiosidade ímpar, coordenando precisamente as áreas técnicas, oferecendo planos, que inserem o espectador naquele mundo, e imagens belíssimas que impressionam e contextualizam as cenas, que inserem o público na jornada do Coronel George Picquart até a sua conclusão.

Dramaturgicamente, o roteiro, escrito por Harris e Polanski, constrói uma história interessantíssima, lançando mãos de flashbacks de lembranças da protagonista, que, ao narrar a luta de Picquart para provar a inocência de Alfred Dreyfus, um militar acusado injustamente de traição, expõe a sociedade e, mais especificamente, suas interações com o sistema judicial; como o poder estabelecido, já no século XIX, controlava o judiciário; como os preconceitos embasam e exacerbam essas forças e direcionam a opinião pública a seu favor, independente das circunstâncias, sem presunção de inocência, e lançam aqueles que lutam pela verdade contra uma corrente avassaladora, que por mais que tentam resisti-la acabam por sucumbir; e, também, ilustra que a verdade acaba por vir à tona, quando há aqueles, mesmo poucos, que, corajosamente, enfrentam o status quo estabelecido. E, mais especificamente, ilustra, na época, o preconceito declarado e intenso contra o povo judeu, e a participação imprescindível e emocionante de Émile Zola na defesa de Dreyfus.

Cenicamente, Polanski conduz um elenco extremamente coeso, liderado pelos excelentes Jean Dujardin e Louis Garrel, em grandes atuações, com participações interessantes de Emmanuelle Seigner, Mevil Poupaud, Grégory Gadebois e Vicent Pérez, onde não há inconsistências, e onde até a menor participação, vide menino vendendo jornais na rua, é relevante e bonita.

Um filme grandioso cinematograficamente, contextualizando no passado cenários, fatos, perspectivas tão contemporâneas na atualidade, que o agraciam grande relevância humanitária. Imperdível.

TRAILER

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