Década de sessenta, quando diminui o interesse aos veículos Ford, buscando sugestões para não enfrentarem a falência, a empresa decide entrar no competitivo mercado de carros de corrida, para tornar a marca mais atrativa aos jovens, e enfrentam a Ferrari, que dominava este mercado.
O roteiro de Jez Butterworth, John-Henry Butterworth e Jason Keller, simples e linear, narra uma eletrizante estória, que mescla com muita habilidade ação e questões humanas. Vê-se as decisões estratégicas tanto da Ford, quanto da Ferrrari, o jogo entre corporações, as relações de amizade, familiares e de amor entre pessoas trabalhando em prol de objetivos comuns, a política corporativa, e a necessidade implacável do mediano obscurecer o brilhante, entre estratagemas para tornar seus sonhos realidades, e superar-se constantemente, em diversas cenas de corrida, mas com maior enfoque nas relações humanas e nos sentimentos das personagens, como lealdade, abnegação, amizade, e fidelidade. Dito isso, vê-se, mais a humanidade das personagens, em meio a enorme competição, e uma narrativa de personagens, que construídas com muita habilidade no texto, tem suas personalidades desveladas, por menores que sejam. E, por fim, questiona os limites, expondo suas implacabilidade e inclemência, e deixando a reflexão sobre até onde devemos testá-los sem colocar em riscos nossas humanidades.
A direção de James Mangold, de Garota, Interrompida, é brilhante, pois valoriza demasiadamente tanto a ação, com belíssimos planos, aproximações e sequências de corrida, sem perder o foco humano, quantos os conflitos mandados que advém de uma empreitada desta espécie. Dito isso, James, com grande habilidade, propicia espaços para os atores criarem suas personagens e exporem suas habilidades interpretativas e de construção de personagens. Christian Bale, impecável, cria a sua com grande sensibilidade e precisão, destacando-se do resto do elenco. Caitriona Balfe, de Outlander, impressiona, Josh Lucas entrega um vilão que valoriza e instiga as conquistas dos heróis, e a atuação do menino Noah Jupe, comovente e convincente, na medida certa, que facilmente poderia exceder o dramático. Vale pinçar os excelentes Jon Bernthal e Ray McKinnon do competentíssimo elenco. Matt Damon demora a entrar na personagem, mas, quando o faz, entrega a melhor atuação de sua carreira, resta-se saber se boa o suficiente para indicações e premiações. Fotografia, arte, efeitos especiais e sonoros e edição são, todos, incríveis, impossível destacar um, talvez, a fotografia.
Um belíssimo filme, provavelmente o melhor do ano, que, talvez, sofra ataques das patrulhas ideológicas, pois não há diversidades no elenco ou nas personagens, mas que se justifica pelo tema e período histórico, que conta, com grande sensibilidade e humanidade, a empreitada da Ford para vencer a Ferrari. Imperdível.
Em cartaz.
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