Isabel, americana morando na Índia, administra um orfanato em uma cidade do interior com muitas dificuldades, e, perante a uma proposta de doação de dois milhões de dólares, é obrigada a ir à Nova Iorque, onde surpresas a aguardarão.
O roteiro de Bart Freundlich, praticamente linear, quebrando a linha temporal para inserir lembranças da protagonista na Índia, enquanto em Nova Iorque, tem seu maior atrativo em uma prática um tanto arriscada quando se trata da escritura de textos cinematográficos, a demora em definir o seu gênero, deixando o espectador na dúvida se trata-se de um suspense ou de um drama, permitindo a esse elucubrar a cada nova cena. Repleto de revelações, que mudam o rumo do fio condutor, tem a austeridade como outra qualidade, pois, essencialmente, poderia, com facilidade, tombar para um dramalhão piegas, apesar de uma cena quase beliscá-lo, salva apenas pela atuações de Juliane Moore e Billy Crudup, e por diálogos secos, francos e diretos, justificados, pela situação em que Theresa, personagem de Moore, encontra-se. Entretanto,após as revelações terminarem, o roteiro prolonga-se um pouco demais, acentuando a tendência ao dramalhão, sem nunca tocá-lo.
A direção, também de Bart, é ótima, elevando os suspenses com tomadas muito bem escolhidas e executadas, com algumas cenas flertando com o brilhante, como a de Michelle Williams descendo a escalda descalça, além conduzir muito bem os atores. Michelle Williams, a melhor em cena, entrega interpretação impressionante em personagem difícil, mas Moore e Crudup não ficam muito atrás, e, juntos com Williams, concedem bastante verossimilidade à delicada fronteira entre o suspense e o drama. O resto do elenco é muito bom, destaque para Abby Quinn, com Grace. A fotografia é excelente e valoriza os tons quentes indianos, como o laranja e o rosa, a música alterna entre o dramático e o suspense corroborando o texto, e edição e arte são ótimas.
Uma trama interessante que trata do preço das escolhas individuais, e seus custos, e o preço de cada um, mesmo em prol do bem comum. Moore mais uma vez produz o filme, como o fez em Glória, criando algo distinto, mas nem tanto, mas, uma hora, irá acertar o alvo. Vale assistir.
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