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  • Foto do escritorFábio Ruiz

A Mula – EUA – 2018

Atualizado: 8 de ago. de 2020


#AMula, o novo filme do octogenário Clint Eastwood, narra dois períodos na vida de Earl Jones, em 2005, como o reconhecido e bem-sucedido cultivador de lírios premiados, que observa a gênese do mercado floricultor virtual, do qual desdenha, e, doze anos e meio depois em 2017, aos 90 anos, falido em consequência do canal que subestimou, a internet, quando na festa de noivado de sua neta é arregimentado para transportar drogas entre dois pontos, deflagrando o desenvolvimento da trama.


O roteiro de Nick Schenk, inspirado no artigo A “mula” de noventa anos do cartel Sinaloa, de Sam Donick publicado na Revista New York Times, segmenta a espinha dorsal nas viagens em que Earl transporta drogas, elevando, a cada uma, o patamar de riscos, conflitos e descobertas da personagem, e evidencia o processo catártico de Earl, que sempre abriu mão da família pelo trabalho, e, ao mesmo tempo, desnuda o modo de operação dos carteis estrangeiros nos EUA, ilustrando tanto as linhas dramatúrgicas de Earl, com sua família e o cartel, e do FBI, paralelamente, até se entrecruzarem. Afora a autocrítica da personagem principal, outros juízos de valores não são realizados, pois trata-se da catarse de Earl.


A direção de Clint Eastwood é muito precisa, mas nada diferente do que já o vimos fazer, apesar de manter o seu alto padrão; sua atuação é excelente, diferenciando muito bem as personagens nos dois períodos, concedendo humanidade a Earl através das justas tensões cênicas. Bradley Cooper, em boa atuação, cria uma personagem sólida dentro de sua amplitude hermenêutica. O ator argentino Ignacio Serricchio se destaca na tela com nuances discretas das quais dependem a vida da personagem, em criativa atuação. Dianne Wiest sempre tem presença diferenciada, mesmo em pequenos papéis. Taissa Farmiga, Michael Peña, Laurence Fishburne e Alison Eastwood formam o ótimo elenco coadjuvante; e Andy Garcia está irreconhecível. A música excelente transmite com precisão suspense e candura; fotografia e edição e artes são excelentes.


Um processo de revelação e expiação da personagem principal é o que traz o belo A Mula, que mantém o alto padrão comum a Clint Eastwood. Vale assistir.

Em Cartaz.

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