Conquistar, Amar e Viver Intensamente não é um filme para todas as audiências. Em primeiro lugar, trata sobre o homossexualismo, o que pode afastar os mais conservadores, em segundo, passa-se em 1993, quando os acometidos pela epidemia da Aids vislumbram, pela primeira vez, a possibilidade de sobreviver à doença, mesmo que suas chances fossem, ainda, muito pequenas, e, por fim, é um filme sério, que aborda o tema com muita sensatez, sem apologias, sem sentimentalismos, e sem piedades.
O roteiro de Christophe Honoré, de Minha Mãe, pinça período relevante à sua trama, e, nesse, posiciona Jacques, homossexual, em seus trinta e muitos, escritor, pai de um menino, e cuja maior parte de sua vida adulta se passa sob a nebulosa epidemia da Aids, e Arthur, um jovem de vinte e poucos anos, sem perspectivas sólidas de carreira, ainda em fase de descobertas, narcisista e exibicionista, cuja experiência com homens limita-se a encontros fortuitos com desconhecidos nas ruas, sem nunca ter estabelecido uma relação de amor com um parceiro do mesmo sexo, e apresenta, perspicazmente, as personagens até o seu encontro quando a trama principal se inicia. Em seguida, constrói um jogo de sedução e afeição em meio as turbulências de seus passados e suas conjunturas presentes, que estabelecem um relacionamento inesperado sob diferentes perspectivas de vida, culminando em solução surpreendente.
A direção de Honoré é competente, tanto na escolha de planos e distanciamentos, quanto na condução dos dois protagonistas, mas também de todo elenco que, juntos, humanizam e facilitam o enredo. As atuações Pierre Deladonchamps, o Jacques, e de Vicent Lacoste, que guarda muitas semelhanças com Louis Garrel, com quem Honoré possui diversas parcerias, concedem grande credibilidade ao roteiro, especialmente as de Pierre, que possuem maior contundência e dramaticidade. O resto do elenco é muito bom, destaque para Denis Podalydès, como Mathieu.
A arte se destaca contextualizando com primor o período retratado. Fotografia e músicas são muito boas, e a edição peca, principalmente, nos créditos iniciais que são confusos.
Um filme duro, mas doce, humano, e, até, um tanto engraçado, é o que traz
#ConquistarAmarEViverIntensamente, um drama relevante sobre um período difícil de nossa história. Vale assistir.
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