
Baseado no livro de uma das mais destacadas escritoras do século passado, Maguerite Duras- que teve uma grande ligação com o cinema – este drama potente segue a personagem durante a ocupação de Paris pelos nazistas enquanto busca informações sobre seu marido, influente membro da Resistência, preso pela Gestapo.

Com direção e adaptação de Emmanuel Finkiel, o roteiro nos fala sobre as incertezas nos tempos de guerra e, principalmente sobre as agonias e esperanças diárias de muitas pessoas em busca de notícias sobre os entes queridos que caíram nas cruéis garras dos nazistas abraçando o interessante contexto histórico centrando toda uma época nas ações e no olhar “poético” da protagonista, magnificamente interpretada pela magistral Mélanie Thierry.

Utilizando-se do relato em primeira pessoa da obra literária, Finkiel desenvolve a narrativa de maneira nada linear e, de forma muito ousada, utiliza o crescente desespero e abalo mental da personagem, coloca-as em primeiro plano unindo passado, presente, observador, observado provocando certa confusão entre o que seria biografia, imaginação ou mesmo delírio alongando o desenvolvimento e prejudicando o andamento que vai arrastando-se em meio às suas mais de duas horas de projeção.

Tecnicamente é um audacioso deslumbre na primorosa fotografia (vide imagens exclusivas em: www.academiadecinema.net), na espetacular reconstituição de época, cenografia, figurinos, trilha sonora com acordes de violinos e, uma câmera que privilegia os planos fechados sem olvidar de deslumbrantes planos abertos, levando-nos a um ato final dramático e poeticamente vigoroso, infelizmente já tarde demais.

É muito provável que a França tivesse outro candidato para indicar a vaga no #Oscar2019, mas pelo preciosismo técnico, interpretativo, pela temática e por ser um legítimo representante do Verdadeiro Cinema de Qualidade,#LaDouleur pode sim aparecer nos Top-nine por representar o verdadeiro Cinema de qualidade.

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