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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Sem Data, Sem Assinatura – Irã – 2017

Atualizado: 22 de ago. de 2020


Dr. Kaveh Nariman é um médico legista, que se envolve em um acidente com uma motocicleta transportando uma família, pai, mãe, o filho de oito anos e um bebê, mas não chama a polícia pois seu seguro está vencido. Contudo, insiste em levar todos ao hospital, pois o menino reclama de dor na cabeça, oferta que seu pai rejeita, deixando de prestar atendimento ao filho, apesar da recomendação do médico. No dia seguinte, no trabalho, o corpo do menino está na mesa de exames e o resultado de sua colega aponta para a morte por botulismo, que é questionado pelo Dr. Kaveh em seu dilema moral.

O roteiro de Vahid Jalilvand e Ali Zarnegar, delicado, seco e esmerado, cria contundentes conflitos, os municiando das precisas tensões, que evoluem ao longo da narrativa. Entre o Dr. Kaveh e sua colega Dra. Sayeh Behbahani, entre Leila e Moosa, pais do menino, entre Moosa e o homem que lhe vendeu o frango estragado, entre a justiça e Moosa, todos embebidos de profundas questões morais, que para uma cultura como a nossa podem parecer inverossímeis, como a imprescindibilidade de assumir responsabilidades, não importando as consequências, e termina, supreendentemente, nos impulsionando a um questionamento até então não cogitado. Apesar de guardar semelhanças com o conterrâneo A Separação, de 2011, do diretor e roteirista Asghar Farhadi, Sem Data, Sem Assinatura eleva o patamar dramatúrgico e mantém a originalidade.

A direção de Vahid Jalilvand é excelente; fazendo uso de recursos simples, como passagens inteligentes de tempo, belíssimos enquadramentos e posicionamentos de câmeras, especialmente as sobre os ombros, aprofunda as tensões dramatúrgicas. Amir Aghaee, como Dr. Kaveh, transmite a discrição necessária à personagem, da qual pouco sabemos, além dos cuidados de uma mãe catatônica. Navid Mohammadzadeh, o Moosa, ganhou o prêmio de melhor ator na mostra Horizontes no Festival de Veneza de 2017, e impressiona e comove com profunda atuação, sem afetações, concedendo justas medidas às tensões dos conflitos cênicos. Zakieh Behbahani, como Leila, e Hediyeh Tehrani, como a Dra. Sayeh, estão em ótimas atuações. Fotografia e música adicionam à dramaticidade; arte e edição são muito boas. Um belíssimo drama, contundente e enxuto, é o que apresenta Vahid Jalivand, vencedor do prêmio de melhor diretor na mostra Horizontes no Festival de Veneza de 2017. Imperdível.

PS: Em cartaz.

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