Um dos filmes independentes mais aplaudidos da temporada/2018, indicado a 4 Independent Spirit Awards, Seleção oficial dos festivais de Cannes, Londres, Telluride e Sundance é, no mínimo, uma experiência tocante para o expectador e uma ousadia para a cineasta e roteirista Chloé Zhao ao inserir um elenco de não-atores representando eles mesmos e, todos, altamente convincentes.
O que você faria se lhe dissessem que a única coisa que você sabe e gosta de fazer não te é mais permitido? Como sobreviver financeiramente se você não teve educação, não tem outra habilidade, nem outro sonho? Como lidar com essa situação sem que ela o consuma por inteiro? Partindo dessa premissa, esse trabalho poderoso que combina em doses certas fatos e pitadas de ficção aproxima-se muito de um documentário, mas desvia-se desta pegada tornando-se uma poesia cinematográfica com uma temática universal.
Se, no centro da trama simples encontra-se um jovem lutando para conseguir abandonar a única profissão que deu significado à sua vida, a narrativa inteligentemente livra-se de condescendências e apelos à miséria optando por mostrar que, em alguns casos, (ou todos), a vida sempre é a grande vilã, mas nem por isso, entre luta e decepção, sempre há a busca humana pela liberdade...ou a teimosia em alcançá-la.
Com uma fotografia magnífica “The Rider” explora as pradarias infindáveis nas mágicas horas do por do sol, a direção não só capta com maestria todos os silêncios (da paisagem e do protagonista), e deixa o desenrolar do conto se desdobrar sem pressa, ora em tomadas longas em planos seqüência, ora em closes fechados com poucos diálogos criando uma empatia imediata pelo protagonista e sua (e nossa), jornada emocional, revelando um retrato digno e honesto das alegrias e dificuldades da vida apresentada por aqueles que as vivenciaram.
PS 1- "Se qualquer animal aqui fosse ferido como eu fui, eles teriam que ser abatidos."
PS 2- Lamentavelmente não tem previsão de lançamento no Brasil.
TRAILER