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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Fahrenheit 451- EUA-2008

Atualizado: 22 de ago. de 2020


Estando indicado ao Emmy 2018 na categoria de Melhor Telefilme, essa adaptação da HBO, baseada no livro homônimo escrito em 1953 que revolucionou a literatura, só não é um desastre total para quem não leu o livro em questão ou para quem nunca passou pelo longa dirigido por François Truffaut em 1966 com a bela Julie Chistie .


Fahrenheit 451 (referencia a temperatura que os livros são queimados), dirigido por Ramin Bahrani, (do ótimo “99 Casas”) opta por retirar o peso crítico de toda a obra, anula as reflexões que trabalhos sobre sociedades distópicas necessariamente propiciam em prol de uma simplicidade narrativa e uma enorme preocupação com o resultado visual, preferindo criar um entretenimento comercial lucrativo que ser fiel a emblemática estória que fomenta a criação do pensamento critico no expectador. Lamentável!

Triste também que o entretenimento de fácil digestão ignore a premissa fundamental da obra, ou passe rasteiro por ela, olvidando a iniciativa do autor que, ao perceber que a sociedade americana passara a adorar a televisão em vez dos livros, (hoje acrescida das mídias sociais), criou uma das mais profundas criticas a opressão exercida pelas ferramentas de controle da sociedade, resvalando para a vala comum de mais um thriller de ação banal despido de conteúdo.


Para piorar essa tosca adaptação, acharam por bem inserir uma inteligência artificial controladora (nos moldes de o “Grande Irmão” de George Orwell), mas que pode ser desligada por qualquer um, anulando qualquer função de vigilância o que resulta numa opção no mínimo risível tamanha a nítida obsessão em modernizar uma estória que, em seu âmago, continua mais que atual. E, quanto ao mote principal do protagonista – a mudança de perspectiva e de lado- soa tão inverossímil e sem base concreta que chega a incomodar os amantes do clássico.

Mesmo assim, com o longa abrindo mão de suas inúmeras possibilidades e investindo muito mais na relação entre os protagonistas, há que se ressaltar que visualmente ficou bonito e que, Michael B. Jordan (Pantera Negra) e Michael Shannon (A Forma da Água), com suas performances conseguem carregá-lo nas costas amparados por um notável design de produção e na intimista trilha sonora que cumprem a função de criar um relativo suspense para plateias menos exigentes.

Infelizmente, essa adaptação abre mão de ressaltar o cerne da obra que é o de questionar a perda do interesse pelo universo da literatura em detrimento da alienação provocada pelas mídias formadoras de opiniões, ainda que traga, aqui e ali, citações de obras famosas que ficam perdidas no contexto geral de uma trama superficial e tão carente de reflexões que dá vontade de chamar os bombeiros e incinerar a película.

PS: Recomendamos a leitura do livro ou revisitar a versão original.

TRAILER

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