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  • Foto do escritorCardoso Júnior

A Rota Selvagem- Inglaterra-2018

Atualizado: 21 de ago. de 2020


Baseado no romance de Willy Vlautin, “Lean on Pete” do cineasta e roteirista Andrew Haigh (45 anos), que foi muito elogiado nas exibições nos festivais de Veneza e Telluride rendendo o Prêmio Marcello Mastroianni para Melhor Ator Jovem para Charlie Plummer (Todo Dinheiro do Mundo) não é mais um trabalho sobre um jovem e seu cavalo como tantos outros que o precederam.

É muito, muito mais!

Andrew, mestre em abordar, expor e mergulhar nas conexões emocionais entre pessoas esquiva-se do formato sentimental piegas e nos entrega um trabalho visceral que, certamente, não é para crianças embora traga um adolescente em seu epicentro. Com exímia perícia e, no seu tempo, coloca sua lupa sobre a negligência dos adultos em relação às necessidades das crianças, aventurando-se no cenário muito pouco explorado da imensidão do noroeste americano onde todo o glamour cosmopolita cede espaço a uma região/ população próxima da linha da miséria onde oportunidades de trabalho são raras e o sonho americano ainda é apenas utopia.

Assim, Haigh constrói a partir de uma história de companheirismo e amizade de um menino e seu cavalo, uma narrativa devastadoramente dramática sobre a resiliência de um jovem mantendo o pico emocional pulsante durante sua árdua jornada sem transitar, em momento algum, por conotações morais, apostando com mão forte na realidade casual da vida tão aguda quanto afiada.

Com fotografia que compõe uma verdadeira galeria de arte das recônditas paisagens dos estados do Oregon e Idaho, o roteiro ainda se dá ao trabalho de humanizar e aprofundar-se nos personagens secundários onde a direção de atores consegue criar a mágica de um naturalismo interpretativo tão natural que nos custa acreditar estar diante de uma “encenação”, o que muito favorece a atuação impecável e magistral do protagonista, Charlie Plummer, repleta de ingenuidade, delicadeza e obstinação.

Isto posto, “Lean on Pete” não é um filme para amantes de entretenimento escapista, pois é cinema com C maiúsculo e para quem está emocionalmente preparado para visitar uma jornada de amadurecimento onde dores e alegrias permeiam a dura realidade da identificação proporcionada pelo auge da comoção.

Vale cada frame!

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