Fugindo bastante da linha editorial do site que busca sempre em suas análises comentar com muita antecipação os filmes que entrarão ou estão em cartaz, mas em função dos temas “abuso” e “estupro” estarem, infelizmente, tão em voga, recuamos 32 anos no tempo para falar sobre um trabalho pouco conhecido que aborda os temas com muita emoção e ótimas doses de catarse.
Baseado na peça teatral de 1982, “Extremities” encenada na Broadway, o drama recheado de muitos momentos de tensão explora o tema de vários ângulos diferentes mostrando que, lamentavelmente, nada mudou em nossa sociedade nesses anos. A indiferença policial que acha que a vitima provocou a ação, a reação da sociedade que põe em xeque a veracidade dos fatos e a difícil situação da vitima, sem testemunhas, que se vê obrigada a provar na justiça que o fato não foi consensual para evitar um desfecho infrutífero de “sua palavra contra a dele”, deixando o abusador livre de qualquer punição. Complicado!
Esse trabalho perturbador que coloca-nos dentro de um ambiente claustrofóbico e no lugar da vitima sentindo na nossa pele toda a humilhação, impotência, pavor e raiva da vítima em seu embate entre violência e vingança, trás um elenco de apenas cinco personagens com muitos significados sociais, além de ter catapultado para papeis dramáticos na telona a bela ex-pantera Farrah Fawcett que recebeu uma indicação de Melhor Atriz no Globo de Ouro em um embate psicológico com o psicopata interpretado por James Russo (Django Livre), faz de “Extremities” um trabalho que deixa todos em estado de exaustão.
Infelizmente, é preciso que se diga, a direção faz pouco mais que transportar um trabalho teatral para a telona, mas isso não invalida a experiência cinematográfica pela abordagem de tema tão relevante e, principalmente por mostrar que, quando uma mulher recusa terminantemente o papel de vitima, ela pode lutar com unhas e dentes para reverter a situação.
Sim, “#Extremities” merece não só ser visto como revisto, não por suas questões técnicas nem diálogos assombrosos, mas pela atualidade temática, ainda nos dias de hoje...
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