É incrível como um diretor que tenha realizado um trabalho fantástico como “O Abutre” escorregue tão feio em um roteiro confuso ainda que tenha um personagem/ ator tão incrível como interessante como Denzel Washington. Aqui, na pele do advogado que parou no tempo, Roman J. Israel, Esq, o mega ator o compõe repleto de subcamadas dramáticas e maneirismos minimalistas de forma brilhante amparado por desempenhos equivalentes de Colin Farrell e Carmen Ejogo. Que pena!
Isso é uma prova cabal que em cinema não bastam grandes atores / atuações se não vierem acompanhadas de roteiro claro, que saiba nitidamente a história que pretende contar e que potencialize o material humano em cena e,é justamente o que não acontece em "Roman J. Israel, Esq.".
Ainda que nos traga um personagem carismático por suas ambiguidades e poderosas crenças sociais, a história ficcional do Thriller jurídico oscila seu foco e acaba perdendo-o entre suspense e intriga quando opta por uma narrativa bastante sinuosa que vai, aos poucos, perdendo todo o potencial dramático prometido muito por conta do ritmo errático do desenvolvimento que vai deixando pelo caminho a intensidade pretendida.
Ainda assim é possível o expectador enredar-se com o personagem e a potente construção de Washington (merecidamente indicado ao Oscar 2018), e acompanhá-lo até o final, mas não sem um grande desapontamento por conta do desvio de uma poderosa mensagem e pela frustração com o total esvaziamento dela.
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