Sempre que assisto a um musical, fatalmente me deixo levar emocionalmente pelas canções, esquecendo-me muitas vezes de observar todos os elementos técnicos relacionados ao longa. Até que em 2012, quando lançaram o filme “O Artista”, vi a necessidade de, mesmo embalado pela emoção da trilha sonora, acompanhar o desenvolvimento narrativo da história, da atuação e direção, sem esquecer-me dos outros pontos críticos da produção. Assim, pude então perceber a grandiosidade de filmes como este já citado, bem como Os miseráveis (o melhor dos últimos dez anos) e La La Land. Apresentado no mesmo segmento que o filme de Damien Chazelle, o rei do show traz uma abertura bastante empolgante, com uma bela coreografia e canção, revelando de início que não conseguiremos sair da sala de cinema enquanto não fecharem as cortinas (ops! Enquanto não subirem os créditos).
Nesse embasamento, a direção é bem funcional, não apresentando nada inovador, mas eficiente nos aspectos de enquadramento e planos abertos. A fotografia é vívida com nuances bem contrastadas entre o vermelho e azul, mesclando cores vibrantes dão glamour e sofisticação ao filme. O figurino é bastante diversificado, enquadrando-se perfeitamente à temática da trama e, ao mesmo tempo, revelando a elegância e pomposidade do século XIX. Para elaboração da trilha sonora, o diretor acertou em cheio ao contratar os compositores Benj Pasek e Justin Paul, os vencedores do Oscar por La La Land. Aqui, o trabalho é ambicioso, ao fundir elementos da música clássica e moderna, nos permitindo ser embalados por canções que variam da sutileza à agitação; do entusiasmo à melancolia. Em consonância à belíssima trilha sonora, temos um elenco formidável, composto Hugh Jackman com seu talento e carisma, nos encantando com sua interpretação, seguido por Michelle Willians no papel de sua esposa dedicada ao lar, filhas e marido, criando uma relação equilibrada do casal sonhador e apaixonado, que vai se perdendo com a maturidade.
O elenco conta também com Rebecca Ferguson no papel da cantora famosa Jenny Lind, que ficou mundialmente conhecida no século XIX. Sua performance é elegante, embora seu papel tenha sido pouco desenvolvido. Muito embora não tenha sido esse o foco da trama. Ainda, temos Zac Efron e Keala Settle, esta interpretando a mulher barbada, que esbanja talento vocal e interpretativo. Contudo a edição deixa a desejar, apressando-se na montagem das cenas, principalmente quando se trata daquelas que exigem mais qualidade na composição digital.
Há alguns cortes bruscos que deixam o espectador meio perdido no seguimento das cenas, mas nada que diminua o brilhantismo da obra, que consegue evoluir em cada ato, sem nos deixar entediados durante as sequências. O rei do show é um filme ambicioso, divertido luxuoso, empolgante, emocionante, e encantador. Ou simplesmente o 'maior espetáculo das telas'.
TRAILER
-Por Clayton Inacio