Tendo feito uma passagem discreta pelos cinemas Brasileiros em novembro/2016, este belíssimo e dramático romance com ares de épico e, mais um baseado na literatura, é precioso na fotografia, trilha sonora e admirável nas interpretações do trio de protagonistas.
Centrado logo após a primeira guerra mundial na deslumbrante e pacata costa do Reino Unido, a direção se vale de planos longos e abertos delicadíssimos que remetem à pinturas dignas dos mais renomados artistas, produzindo uma fotografia repleta de matizes sensoriais que nos levam junto para o local facilitando em muito a empatia e o entendimento psicológico do humano inserido no distanciamento social e suas conseqüências.
O roteiro que, inicialmente, promete transitar por questões profundas sobre amor, solidão, perdas que se tornam irreparáveis e a profunda tristeza que gera decisões inconsequentes como forma de compensação, vai construindo de forma contemplativa a narrativa e, irremediavelmente, nos leva junto à tomada de decisões colocando-nos com muita facilidade no centro do drama fazendo com que participemos de vários duelos emocionais questionando quais seriam as nossas decisões diante daquelas situações e conflitos d’almas.
A perfeita junção e conjugação do Ethos, Pathos e Logos do drama que evolui para a tragédia, são muito bem refletidas nas interpretações viscerais de Alicia Vikander e Fassbender em uma química tão perfeita como convincente.
Então, quando tudo caminha para um notável épico cinematográfico, surge a personagem de Rachel Weisz e o roteiro se estende em demasia na muleta narrativa dos chatíssimos flashbacks pondo por terra toda a imersão tão bem construída.
Ainda que em todos os aspectos técnicos “#TheLightBetweenOceans” seja irrepreensível, o prolongamento da estória quebra o bom andamento do ritmo gerando mais de duas horas e quinze minutos que se arrastam em busca de um epílogo que poderia ter vindo muito antes preservando as emoções e descartando um último ato já apresentado em outros trabalhos. Que pena!
Seja como for, “The Light Between Oceans” é um trabalho que merece ser apreciado sim, mesmo que ao fim se lamente a perda e a ruptura com o emocional.
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