top of page
logo.png
  • Foto do escritorCardoso Júnior

O Vento nos Levará – Irã - 1999

Atualizado: 16 de ago. de 2020


Com o passamento do diretor Abbas Kiarostami, fomos assistir um de seus filmes mais famosos. Complicado! Eis um desses trabalhos que, de tão excepcional, ou se ama ou não entende. Para inserir-se na primeira opção, basta esquecer o cinema entretenimento made in Hollywood, estar relaxado e predisposto a mergulhos mais profundos na metalinguagem narrativa. Sem isso, nem olhar. Caso você tenha a serenidade que permita contemplar paisagens dignas de um Van Gogh, e goste de simbolismos realistas sobre vida e morte, poderá ver-se preso ao eterno questionamento humano: “Para onde?”. Kiarostami consegue a conexão exata entre estrutura narrativa e dramaturgia, formando um caleidoscópio de pequenas e minimalistas partes que resultam no tudo conceitual entre claro e escuro, entre vida e morte, no compasso da espera, no lento e quase angustiante desenrolar das horas que não passam; arrastam. O uso quase constante de planos abertos ofertando o esplendor e a magnitude portentosa da natureza, essa ode à vida, os geniais personagens simbólicos sempre fora de quadro (estão lá com suas vozes e ações, mas nunca aparecem), as ruas labirínticas com inúmeras e alternadas possibilidades de caminhos, a mulher que pari e vai trabalhar, o chão morto no cume da montanha com uma árvore viçosa...signos, antíteses e dicotomias de um belo mundo onde pensamos que podemos, mas não controlamos nada. Em “#TheWildWilCarryUs”, há um antológico plano existencial (que o resume), com uma tartaruga em sua livre trajetória existencial quando, interrompida é por uma vontade poderosa, mas incompreensível para ela, deixando-a de pernas para o ar e paralisada, mas na seqüência, o fluxo da vida retoma seu equilíbrio e curso e é um dos momentos mais marcantes e significativos do cinema contemporâneo. “Bad ma ra khahad bord” é quase impossível de ser decupado em poucas linhas sem formatar inúmeras teses, mas é um momento de sublime realismo místico do cinema, uma misteriosa metáfora poética sobre desfrutar os belos momentos que a vida nos oferece enquanto desconhecemos quando e para onde o vento nos levará.

TRAILER

bottom of page