Eis um trabalho altamente sub-valorizado na temporada de prêmios e que, em nossa opinião, é muito superior a outros que estão sendo indicados em várias categorias. Apenas uma discreta indicação de melhor ator para Will Smith, é a prova de que as gigantes corporações esportivas continuam mais fortes que a verdade. Lamentável! Baseado na história real do médico imigrante nigeriano, negro, que descobriu e provou, com aval de vários PHDs, que o corpo humano não foi feito para esportes radicais que impliquem em choques violentos na cabeça e que insistir nisso trará graves, drásticas e mortais conseqüências para os participantes, é mais que interessante acompanhar, mais uma, história varrida para baixo dos tapetes das conveniências financeiras. A classe médica vai gostar conhecer mais sobre este humilde neuropatologista e sua saga, praticamente sozinho e contra todos, para provar a existência da CTE (encefalopatia traumática crônica) que provoca sintomas de alteração de comportamento, confusão mental, demência e suicídio. Caso você nunca tenha ouvido falar sobre isto, é por que as grandes ligas desportivas que faturam milhões com esses tipos de esportes que arrastam multidões para os estádios, não querem que você saiba disto. Entenderam a relevância do tema? Bom, independente de tema, a direção e roteiro investem pesado na construção das personagens indo fundo em suas almas e essências e, tudo tem um porque concreto que os faz agir. Ok, que há um quase excesso de grandes closeups desnecessários e que uma fotografia mais focada em planos médios seria mais bem-vinda, mas se você não busca por coisas do tipo: CGI, adrenalina das super ações, naves espaciais futurísticas, mundos apocalípticos, tiros, perseguições frenéticas, suspense e fantasia, “concussão” vai te conquistar pela honestidade e veracidade fílmica. E, sim, Will Smith tem aqui, com seu sotaque irreconhecível que chega a mudar seu conhecido tom de voz, uma de suas maiores atuações (desde “Seis graus de separação”), não devendo nada mesmo a outros que estão aparecendo nos tops fives das premiações. De quebra, ainda há um Albert Brooks memorável e um Alec Baldwin razoável nesta tão incrível como escondida história. Ah, sim, Will cria uma ‘persona’ tão íntegra e tão humana na acepção da verdadeira humanidade, fé e profissionalismo (como médico/ cientista), que chega parecer um ser utópico nos dias atuais. Enfim, “Concussão” é um trabalho de extrema urgência, que todos deveriam assistir e que, em um ano com filmes muito mornos, mas com temas relevantes, certamente, é o mais importante!
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