Cardoso Júnior
10 de ago de 2019
Atualizado: 9 de ago de 2020
Baseado no livro Rudolf Nureyev: The Life, roteirizado por David Hare (As horas, 2002) e sob a terceira direção de Ralph Fiennes, a cinebio sobre o gênio que revolucionou o balé masculino no XX, oferece, para quem nunca ouviu falar, um excelente e íntimo retrato do jovem temperamental que desafiou o rígido controle do regime soviético desertando para o ocidente, pedindo asilo político na França protagonizando um caso que ocupou as manchetes dos jornais do mundo inteiro por longo período.
O roteiro é feliz em algumas etapas como a de entregar ao público uma panorâmica que parte da excursão da companhia de balé do teatro Kirov a Paris (1961), alternando com muitos flashes que vão desde o insólito nascimento de Nureyev, sua infância, sua adolescência, com foco nos muitos anos de espartano treinamento e formação na dança sem esquecer-se do embate entre a disciplina estatal e a rebeldia inconformista de um artista irrequieto e sedento por conhecer tudo sobre todas as artes.
Fiennes reserva para si o papel de coadjuvante numa interpretação bem contida, talvez pelos diálogos em idioma russo, Adèle Exarchopoulos (Azul é a cor mais quente), oferece um bom suporte à grande revelação, o ucraniano estreante em atuação, Oleg Ivenko, primeiro bailarino da companhia de Kazan, que cumpre magnificamente o quase impossível desafio de personificar Nureyev dançando.