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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Dois Papas – Inglaterra – 2019

Atualizado: 9 de ago. de 2020


Na iminência de requerer sua aposentadoria, Jorge Mario Bergoglio, o futuro Papa Francisco, planeja viagem ao Vaticano, enquanto, ao mesmo tempo, o Papa Bento XVI o convoca para uma reunião, promovendo um encontro inesquecível, entre o Papa e o Cardeal, entre o Europeu e o Sul-Americano, entre o conservador e o progressista, mas, principalmente, entre dois homens, sobre as suas humanidades. Inspirado em fatos reais.


O roteiro de Anthony McCarten é brilhante, impecável, estabelecendo as relações dicotômicas entre estes homens desde o conclave de 2005 que elegeu Joseph Aloisius Ratzinger, papa, o Bento XVI, e, estrategicamente, salta no tempo para o encontrar em meio a crises no papado, devido a escândalos com seu assessor, ao mesmo tempo, trazendo ao Vaticano Jorge Bergoglio, com o intuito de pedir a sua aposentadoria. O texto do encontro é de uma beleza ímpar, independente de suas religiões, de suas origens, pois desvela em seus diálogos, primeiramente, o Papa Bento XVI, e depois, adicionando flashbacks, o Cardeal Jorge Bergoglio, sem adereços ou adornos, mas suas humanidades por debaixo de suas vestes. E, vemos a exposição delicada e firme destes homens, que ilustra, apesar das diferenças e abismos entre nós e eles, que somos todos abençoados com nossas vidas, somos todos falhos, somos todos bem e mal, somos apenas humanos, sem fazer qualquer apologia ou crítica à Igreja Católica, apenas aquelas inerentes aos fatos já demasiadamente conhecidos. Os diálogos são primorosos e emocionantes.


A direção de Fernando Meirelles é excelente, apesar da definição da fotografia no presente ficcional, que poderia ser menos documental, e mais ficcional, e de algumas transições entre takes que carecem de organicidade, e parecem abrutalhadas demais para o corte seco. Jonathan Price, como Jorge Bergoglio, brilha só no firmamento fílmico, em atuação impecável, sensível e crível, mas Anthony Hopkins não fica muito atrás, como Bento XVI, e os dois proporcionam momentos memoráveis que entrarão certamente para os anais do Cinema. A música bastante eclética, de ABBA aos Beatles, pode parecer estranha mas cai como uma luva em momentos em que adiciona muita emoção, a arte é igualmente excelente, e edição peca em alguns cortes secos que parecem duros demais, mas nada que não se releve diante de uma obra deste porte. Uma estória, com base na realidade, muito bem criada e costurada, extremamente crível, quando falamos de duas figuras deste porte, e, que mais do que desvelar o presente Papa e o futuro, revela suas gigantes humanidades, suas qualidades, seus defeitos, suas assertivas e suas falibilidades. Imperdível! Em cartaz.

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