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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Hebe – A Estrela do Brasil – Brasil – 2019

Atualizado: 9 de ago. de 2020


Hebe – A Estrela do Brasil não se trata de uma biografia da apresentadora, mas de um pequeno extrato de dois ou três anos de sua vida, que a encontra ainda na Rede Bandeirantes, logo após o fim oficial da censura, mas não do oficioso, quando diversas questões a fazem abandonar, ao vivo, a emissora.


O roteiro de Carolina Kotscho, linear, narra uma miscelânea de eventos na da vida da apresentadora, que mais do que contar sua história, tenta construir a sua personalidade, através de suas ações – sua generosidade, sua originalidade, sua petulância, sua dicotomia – focando nas suas relações familiares, profissionais, e em seus posicionamentos políticos em defesa daqueles a quem abraça, os desvalidos, os marginalizados, baseados em sua visão de mundo, suas experiências e suas origens, criando uma figura humana, com suas razões e com seus vieses, que, por um lado, luta pela liberdade de expressão, por outros, vota e convive com Paulo Maluf, representante do ranço dos governos militares, que, oficiosamente, operacionalizava a censura, mima demasiadamente seu filho, e vive em uma realidade bem diferente daquelas dos desvalidos a quem defendia. Contudo, após a sua ida para o SBT, os conflitos se ramificam demais e diluem-se, atenuando o fio condutor, tendendo mais para um painel de sua vida. Os diálogos, especificamente as falas da protagonista, são muito bem escritos, selecionados, e contundentes, e colaboram, demasiadamente, para o trabalho da atriz.


Dito isso, Andrea Beltrão está excelente na personagem, mas muito longe de uma interpretação digna de uma personagem tão icônica, que carece de uma construção visceral, ainda não vista no Brasil, como, por exemplo, as de Meryl Streep e Helen Mirren, como Thatcher e a Rainha Elizabeth, respectivamente, mesmo com toda ajuda da maquiagem e dos figurinos. Marco Ricca está brilhante como Lélio Ravagnani, marido de Hebe à época, e vale ressaltar as excelentes participações de Fernando Eiras, Ivo Müller, Stella Miranda e Felipe Rocha, como Roberto Carlos. A direção é muito boa, mas pouco criativa nas cenas de palco, repetindo-se demais. Entretanto, vale ressaltar a bela cena onde Hebe se despede ao vivo da Rede Bandeirantes, fidedigna, quando deixa cair o microfone. A arte se sobressai entre os quesitos técnicos, fazendo uma bela reprodução de época cenográfica e de figurinos, e a fotografia, a música e a edição são ótimos. Um extrato da vida de Hebe, que retrata questões do passado, fazendo um paralelo com o presente, imbuindo uma mensagem, mas que constrói muito bem a personalidade, suas idiossincrasias e dicotomias. Vale assistir. Em cartaz.

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