top of page
logo.png
  • Foto do escritorFábio Ruiz

Simonal – Brasil – 2019

Atualizado: 9 de ago. de 2020


#Simonal, filme biográfico do icônico cantor e apresentador das décadas de sessenta e setenta, narra sua trajetória entre mil novecentos e sessenta e setenta e cinco. A projeção é, nitidamente, dividida em duas partes, a primeira, do anonimato ao estrelato; a segunda, do estrelato ao ostracismo.


O texto é superficial, bem como os diálogos, rasos e vazios, que são sabiamente preenchidos por músicas, a primeira parte assemelhando-se a um longo, florido e cansativo videoclipe e a segunda, um desinteressante e pouco informativo drama, e por títulos, igualmente vazios, e também rápidos, que objetivam contextualizar, mas que, sem lastro dramatúrgico, mais confundem do que qualquer coisa, pois carecem de referências temporais. O roteiro encontra Simonal, em 1975, prestes a começar um show, na tentativa de reabilitar sua carreira, descarrilhada em meio a supostos envolvimentos do cantor com o DOPS, acusado de entregar colegas artistas a órgãos da repressão, e volta a mil novecentos e sessenta, quando Simonal, no grupo Dry Boys, é descoberto por Carlos Imperial. Entremeados em músicas e mais músicas, diálogos fortuitos constroem espinha dorsal e personagens debilitadas – quase monocromáticas –, que pouco aprofundam sua saga, apresentando breves e rasos conflitos, configurando mais um painel do que um drama. O roteiro não se posiciona politicamente, não o acusa ou o defende, mas o expõe, para não se comprometer com o “status quo” polarizado da atualidade, e responsabiliza o racismo por suas adversidades, preconceito, esse, desconstruído pela própria história, que apresenta seus principais amigos e ferrenhos defensores, todos brancos, mirando muito mais questões socioeconômicas e políticas do que raciais.


A direção é razoável, pois abusa de closes e desfoques desnecessários, de movimentos de câmera bem realizados, mas vazios, como o da cena inicial no teatro, que não apresenta nada, nem ninguém relevante, até chegar ao palco. Fabrício Boliveira, sem muita amplitude hermenêutica, muito por causa da superficialidade narrativa, oscila, basicamente, entre o carismático e malandro, e o malandro e carismático, operando um pouco melhor na força, do que na fragilidade, além disso, sua dublagem, na maioria das vezes, não convence, carecendo de vigor e alma. Isis Valverde, a melhor em cena, também sucumbe à puerilidade textual, que não justifica adequadamente as transformações da sua personagem. O resto do elenco exagera suas atuações, também induzidos por frívolos diálogos, mas Mariana Lima, quase canastrã, extrapola demais em personagem importante, mas vazia. A arte é excelente, mas falha em diversas cenas na reconstrução temporal, alguns excertos de época parecem deslocados e o uso de imagens reais de Simonal no Maracanãzinho é um grande equívoco, pois rompe a coesão da personagem. A música é excelente, mas, mal utilizada, preenche lacunas dramatúrgicas, onde os autores não sabiam o que escrever ou dizer, vide cena de depoimento do Simonal com passagem de tempo ao som de cuícas, o mesmo acontece com a edição, que, prejudicada pela fraca dramaturgia, incorpora muitas imagens vazias, mesmo sem a intenção de configurar deslocamentos temporais.

TRAILER

– Por Fábio Ruiz

bottom of page