top of page
logo.png
  • Foto do escritorCardoso Júnior

O Confeiteiro- Israel-2018

Atualizado: 6 de ago. de 2020


O candidato de Israel a uma vaga no Oscar 2019 é o trabalho de estréia do roteirista e diretor israelense Ofir Raul Graizer que promete uma transitar por uma jornada de um gay solitário e taciturno através do luto da perda conectando-se emocional e sexualmente a viúva de seu amor falecido num cenário cultural e religioso muito adverso.

A premissa é interessantíssima e poderia gerar um belo filme não fosse a ausência de muitas lógicas na estrutura do roteiro. Como sempre afirmamos, cinema é uma história ou estória contada através de um processo audiovisual e, se a narrativa apresenta buracos de credibilidade, dentro de um argumento que se pretende realista, a suspensão da credibilidade do expectador vai sendo minada á cada dúvida, destruindo toda e qualquer empatia pelos dramas apresentados e pelos personagens. Na fantasia, esses

lapsos de concretude são facilmente perdoados, mas jamais numa proposta realista.

Não bastassem tais rupturas, o roteiro que ainda busca um preciosismo conceitual inserindo a inversão dos “preconceitos sócio-religiosos” abordando a vida de um berlinense em Jerusalém, trabalha com silêncios demais, melancolias demais, inconclusões demais, deixando seu clímax para as 01h35 minutos de um longa que não passa de 01h45 minutos, tornando-o lentamente decepcionante.

Ainda que se estabeleça, logo no princípio, a necessidade de pertencimento do protagonista como amparo para justificativas narrativas, nada torna crível as ações e decisões dos personagens que subvertem a lógica das questões plausíveis para formatar um drama que se utiliza de uma premissa como chamariz, unicamente para tratar a questão da homossexualidade de forma hermética, sutil em demasia, sem quase nenhum desejo físico explicitado e, ainda, comportadamente escurecido e esvaziado em contra ponto com os longos close-ups do desejo heterossexual.

A questão dos “confeitos”, da comida, que sugere o título, busca fazer um link entre o não aceito e o tolerável, numa meta linguagem que busca mostrar a culinária como a arte que unifica povos, que abre as fronteiras geográficas independente de sexo ou gêneros, mas o resultado disso nos chega sem suculência alguma enquanto todas as cenas externas, sejam de Berlin ou Jerusalém não acrescentam nada para a trama a não ser a mudança da paleta de cores.

Ainda que tecnicamente não brilhe nem decepcione, #TheCakemaker, que se propõe tratar das complexidades humanas, não se aprofunda nas proposições, resultando num trabalho monótono perdido em suas próprias reticências.

TRAILER

bottom of page