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  • Foto do escritorFábio Ruiz

O Rei do Show - EUA – 2017

Atualizado: 18 de ago. de 2020


Embasbacados ficam os espectadores mesmo antes do primeiro quadro de O Rei do Show. Os acordes da poderosa música, já ouvidos na apresentação de sua distribuidora, a Twentieth Century Fox, são seguidos por um grande número musical que tonifica a dramaturgia. Vê-se P. T. Barnum, cantando e dançando entre suas belas aberrações, metamorfosear-se em um garoto sonhador diante de um fraque e uma cartola e do início de sua história. De zero a herói, de herói a zero, vê-se P. T. Barnum, casar-se, ter filhas, construir, destruir e reconstruir um império entre tantos números musicais, afinal, O Rei do Show, trata-se de um musical. O filme possui todos subsídios para ser grande, mas sucumbe do mesmo mal que a tantos outros acomete: uma dramaturgia essencialmente esmaecida em favor do embasbacar da plateia por números musicais e belas imagens incapazes de sustentar, por si só, a condução da trama. O roteiro é diluído em bons conflitos que se tornam pueris quando findos em menos de dez minutos de estabelecidos. Os atritos não adicionam à espinha dorsal dramatúrgica, que é débil, um problema visto em muitos musicais, inclusive Hair, que Michael Weller, lindamente, adaptou e Milos Forman dirigiu para a tela grande, criando um distinto fio condutor onde não existia. As cenas, individualmente, não agregam muito valor à história, nem a conduzem ao tão esperado clímax, que não há e, se há, é tênue ou ambíguo. A direção do estreante e inexperiente Michael Gracey é, supreendentemente, muito boa, apesar de notar-se traços de amadorismo, principalmente, no que tange à condução do elenco, que, por um lado, peca por ser perceptível, e, por outro, liberta os atores à entrega e à criação. Aplausos para as escolhas de enquadramentos que são oportuníssimas. Hugh Jackman está excelente como P.T. Barnum. Percebe-se, nitidamente, seu talento para os musicais, tanto cantando, como dançando. Michelle Williams nunca desaponta mesmo em papéis de pouca relevância e mostra o seu potencial para cantar e dançar. Zac Efron também mostra suas qualificações para musicais, apesar de não ser um às em atuação. Já Zendaya, mostra maior desenvoltura atuando, além de excelentes dotes musicais. O restante do elenco, cujos maiores destaques são Rebecca Ferguson e Keala Settle, respectivamente, Jenny Lind e a mulher barbada, se distingue pelo grau de liberdade concedido pela inexperiência do diretor, contudo está contido pela superficialidade e pelo imediatismo dramatúrgicos. A fotografia é belíssima, grande destaque para o criativo e sólido quadro musical com Efron e Zendaya. A música é o grande valor do filme. Realce para “This is Me”, que será indicada ao Oscar de Melhor Canção com grandes chances de vencê-lo. Demais critérios técnicos são excelentes. Embasbacar a plateia ou conduzi-la numa jornada história adentro? Qual o grande sentido e valor do cinema e da dramaturgia? Parece que, em algum momento, valorizou-se mais os fogos de artifício em detrimento de uma boa trama. Fato é que foguetes duram, no máximo, dez a quinze minutos, enquanto uma boa narrativa, é para sempre. Apesar de O Rei do Show ser mais pirotécnico do que dramatúrgico, vale assistir.

TRAILER

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