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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Bom Comportamento – EUA – 2017

Atualizado: 21 de ago. de 2020


Inovação, promover mudanças substantivas, revolucionar. Criar um filme inédito, um filme novo, diferente de tudo que se já tenha visto antes é uma missão árdua e difícil, mas, uma vez ou outra, aparece, no mercado, um que tenha essa proposta, esse objetivo. Boa Companhia, título mal traduzido de “Good Time”, entra em cartaz se posicionando como novidade, como original, como revolução. Não obstante, cabe apenas ao espectador constatar o seu feito. Será a originalidade o grande diferencial desta obra? Veremos. Boa companhia ocupa-se da breve e adoidada trajetória de Connie Nikas para pagar a fiança e liberar seu irmão, Nick, preso após um confuso assalto à banco, que sofre de alguma dificuldade cognitiva e vive sob a tutela de sua idosa e inábil avó. Connie é um marginal comum, mas que, aparentemente, tem melhores intenções quando se trata de seu irmão. Connie quer que Nick seja tratado como uma pessoa normal e não sancionado em um trato indiferente e insensível à severidade ou à peculiaridade de sua condição. A produção gira em torno dos irmãos Safdie, de Amor, Drogas e Nova York. Josh, que assina o roteiro com Ronald Bronstein e a direção com seu irmão Benny, que além de dirigir, interpreta o peculiar Nick Nikas. Seu primeiro longa, Amor, Drogas e Nova York, teve boa recepção da crítica e reconhecimento nos festivais de Tokyo e de Veneza, onde ganhou o C.I.C.A.E., prêmio concedido para dar visibilidade à produções que, normalmente, no mercado competitivo de cinema não conseguiriam. Os Safdies, sob o manto de produções independentes e off-Hollywood, buscam através do diferencial, tanto da trama, como da independência, se estabelecer no mercado e, possivelmente, adentrar o espectro dos estúdios Hollywoodianos. Boa Companhia, apesar de independente, vem endossado por Robert Pattinson, que alcançou a fama na série Crepúsculo, no papel principal como Connie Nikas. O filme está longe de ser inédito ou pioneiro. Quantos, inclusive independentes, já não assistimos que versam sobre uma breve, violenta e conturbada trajetória por uma noite? Diversos. O roteiro é simples, com poucas idas e vindas, e, talvez, seu grande distintivo seja a sua crueza, a total ausência de redenção. Mas quantos também já não vimos sem remição? Tantos – para citar um, À qualquer custo. O roteiro objetiva ilustrar uma sucessão de imensos fracassos, mas, em sua tentativa, acaba por estampar o desenrolar de inverossímeis sucessos. A direção dá um tom jornalístico ao filme – desde a fotografia, até a escolha do ângulo e da proximidade da câmera; as sequências aéreas são muito similares aos noticiários norte-americanos de perseguição policial – e abusa dos closes, para não dizer de closes extremos, tanto, que quase não se percebe que a atuação de Robert Pattinson não supera outras já vistas. O grande destaque do elenco é Taliah Webster, atriz iniciante no papel da adolescente Crystal. A participação de Jennifer Jason Lee é par. Quantas vezes já não a vimos em papéis disfuncionais? Perdi a conta. Como o roteiro não consegue imprimir o ritmo insano, a música se sobrepõe à trama em tentativa inepta de imprimir urgência ao passo – tática que, ultimamente, vem sendo adotada por diversos cineastas – e acaba por ser estridente e incômoda. A edição é inoportuna quando transita muito entre closes de diferentes ângulos e intensidades. Demais critérios técnicos não são notórios. Boa Companhia, como tantos outros predecessores, apresenta um drama noturno, mas possui características peculiares e alguns méritos. Não leve a expectativa de algo novo ou ímpar, mas de um bom entretenimento para uma ocasional saída ao cinema. Em cartaz.

TRAILER

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