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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Detroit em Rebelião – EUA – 2017

Atualizado: 18 de ago. de 2020


Violência, abuso de poder, preconceito, intolerância, corrupção, formação de quadrilha, omissão, impunidade, sobrevivência. Por mais próximos e atuais que sejam esses temas, não, não aludem à nossa realidade sociopolítica, mas a de Detroit, 1967, julho, vinte e cinco, anexo do motel Algiers.

1967, julho, vinte e três, uma rebelião estoura nos bairros negros de Detroit em consequência de uma ação policial durante uma festa. Revolta, saques, incêndios, franco atiradores, uma escalada de violência. Na noite do vinte e cinco, tiros são disparados da direção do anexo do motel Algiers. A polícia e a guarda nacional cercam o local. A polícia invade o anexo. No dia seguinte, três jovens negros estão mortos. Detroit em Rebelião derrama novas luzes sobre um incidente real que nunca foi completamente esclarecido.

Contextualizado o cenário de rebelião e violência, a história entra, junto com dois integrantes da banda The Dramatics, no Motel Algiers, onde se refugiam. No estabelecimento, diversos jovens negros e duas jovens brancas, curtindo os novos ventos da liberdade do final dos anos sessenta. Quando o anexo é invadido, após os supostos tiros, dez jovens negros, todos homens, e as duas jovens brancas são surpreendidos e inicia-se a principal trama do filme: o que realmente se passou naquela noite no anexo do motel Algiers? Sabendo-se que, por mais fiel que se pretenda ser à história, trata-se de uma ficção.

O roteiro de Mark Boal é impecável. Primeiro, contextualiza os espectadores na época, no cenário da rebelião e no ambiente do Algiers. Depois, os joga na claustrofobia e no calor dos fatos que no anexo se passaram, sem exageros ou parcialidades. E, finalmente, os expele no rescaldo de uma noite de horrores, sem discussão de méritos. A direção de Kathryn Bigelow é brilhante. Bigelow, com primor, estabelece os climas almejados pelo roteiro. A noite no anexo se aproxima de um filme de terror, tantas as tensões. Algee Smith e Will Poulter são os grandes destaques do elenco. A atuação de Smith, como o cantor principal do The Dramatics, é tocante, e Will Poulter está perfeito no papel de policial corrupto. John Boyega está muito bem como Melvin Dismukes. e Hannah Murray, excelente como Julie, uma das duas brancas no motel. A arte merece enorme realce: os cenários, figurinos, automóveis, enfim, tudo é feito com grande esmero. A música e a edição são excelentes, como todos os outros critérios técnicos.

Detroit em rebelião não poderia ser mais oportuno, por expor questões e provocar reflexões importantíssimas e em voga, tanto no cenário norte-americano, quanto no brasileiro. Sem dúvidas, um sólido candidato ao Oscar deste ano em diversas categorias. Não perca.

Em cartaz.

TRAILER

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