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  • Foto do escritorFábio Ruiz

Feito na América – EUA – 2017

Atualizado: 17 de ago. de 2020


A história e as histórias de Barry Seal. Feito na América é apenas mais uma, uma cinebiografia, nesse rol. Não vá o espectador acreditar que o que se vê é um reflexo da realidade ou da verdade. Mas, afinal, o que é a verdade, senão uma visão, uma perspectiva da realidade que sobrevive por apenas um milionésimo de segundo e no milionésimo seguinte torna-se ficção, vira romance, transmuta-se em biografia. O espectador curioso sairá do cinema e buscará na internet por Barry Seal e descobrirá, rapidamente, inúmeras contradições entre o que viu e o que leu. A questão é que a verdadeira vida de Barry Seal, nem o próprio levou para o túmulo, e ninguém jamais irá contá-la como realmente aconteceu, nem mesmo Seal, se vivo estivesse. O espectador, consciente de que está vendo uma obra de ficção, como qualquer outra, com algum compromisso com a verdade, pode se deleitar com uma história bem contada e bem amarrada, repleta de cenas de ação e tragicômicas e de referências à personalidades e a fatos da vida real, como Pablo Escobar, Ronald Regan, seu vice, George W. Bush e o escândalo Irã-Contras. No filme, Barry é um ambicioso e sarcástico comandante da TWA em ascensão, até que, em um aeroporto, é abordado por Schafer, teoricamente agente da CIA, que o recruta para fazer reconhecimento aéreo por diversos países da América Latina onde o comunismo florescia em troca de muito dinheiro. Em uma viagem pela Colômbia, Barry é intimado por Jorge Ochoa a levar drogas de Medelín para os EUA e, rapidamente, nosso protagonista se vê trabalhando para a CIA e o Cartel; depois levando drogas para a Nicarágua; depois levando os Contras para treinar em sua propriedade, no estado de Arkansas, de onde poucos retornavam treinados e a maioria fugia como imigrantes ilegais nos EUA; depois; depois, depois. Entre uma aventura, uma desventura e outras, por causa da inconsequência de seu cunhado, Barry é preso e solto no mesmo dia e se vê trabalhando para o DEA na Casa Branca com o objetivo de comprovar a cooperação dos Sandinistas com o Cartel de Medelín. De zero a herói, de herói a vilão, Barry vê sua vida florescer e murchar num piscar de olhos até encontrar a morte, encomendada, teoricamente, por Pablo Escobar, mas que muitos creditam à CIA. A história é contada em ritmo alucinante de ação – em flashback dos casos que Barry está relatando em fitas VHS para deixar o seu registro de sua trajetória –, recheada de “voices over” de Tom Cruise e com cenas engraçadas como o mapa que é nos é mostrado onde ele confunde Nicarágua com El Salvador. As cenas no ar são impressionantes, tanto pela beleza, como pela destreza exigida para realizá-las, deixando o espectador de boca aberta a cada tomada, a cada sequência. O roteiro é bem esquematizado e amarrado dentro da história que pretende contar – que não é a verdadeira história de Barry Seal. Os usos do recurso de flashback dos vídeos gravados por Barry adicionam na didática em que a trama se desenrola, bem como, o tom tragicômico adotado para contá-la. A direção de Doug Liman de A Identidade Bourne e de Sr. e Sra. Smith é firme e competente. A atuação de Tom Cruise é uma de suas melhores, concorrendo com aquelas de Entrevista com o Vampiro, Nascido em Quatro de Julho e Magnólia. Domhnall Gleeson consolida ainda mais a sua carreira, agora com a interpretação do agente nada convencional da CIA que recruta Barry. Domhnall está excelente no papel. Sarah Wright faz um trabalho honestíssimo como Lucy, esposa de Barry. Jayma Mays e Caleb Landry Jones são o polo mais cômico do filme. Contudo, Caleb parece ser engraçado mais por um certo desconforto diante da câmera do que pela criação de uma personagem – pode-se perceber o mesmo comportamento em sua atuação em XMEN: Primeira Classe. O resto do elenco é bastante competente, destaque para as personagens Pablo Escobar e Jorge Ochoa. As cenas de ação são extremamente bem conduzidas, impactantes e belíssimas pois se passam sobre a América Latina, o Caribe, o Golfo do México e os pântanos da Louisiana – o único revés foi o polêmico incidente, ainda em investigação, que matou dois pilotos e feriu um gravemente durante as filmagens. A arte merece relevante destaque. A reconstrução de época, final da década de setenta até meados da de oitenta, é primorosa, as locações, os figurinos, mas, principalmente, os carros são perfeitos, bonito de se ver. A fotografia – que dá a tonalidade de época – e a edição também se destacam. O som e a música são muito bons. É sempre um bom programa ir ao cinema assistir a um filme de muita ação, com cunho histórico e, principalmente, com Tom Cruise como protagonista. Então, se você gosta da tríade Cruise-história-ação, esse é o filme para você, aproveite o final de semana e divirta-se a valer

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