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Foto do escritorCardoso Júnior

Tempo em Família – Finlândia – 2024

Analise 1.699


O representante da Finlândia no Oscar 2025, foca numa família finlandesa que se reúne para passar o fim de semana natalino na casa dos avós. Conforme as situações avançam percebemos que as coisas sempre acontecem do mesmo jeito e, ao focar em padrões reconhecíveis, o filme se propõe a fazer um estudo sobre dinâmica e padrões repetitivos nas estruturas familiares, mas é um total fracasso nas suas intenções e configurações.


Ok que é o primeiro longa de Ia Kouvo e se baseia no seu próprio curta-metragem de 2018, mas são tantas escolhas erradas, muito erradas, que transformam seus 116 minutos em um total tédio x martírio para o espectador a começar por uma abertura com câmera estática focando uma porta por onde entram os personagens e, só os vemos em pedaços, por partes, enquanto ouvimos diálogos aleatórios dos próprios, mas já inteiramente fora do ecrã. E, essa infeliz opção irá se repetir várias vezes por toda a película. Ouvimos as conversas (todas sem a menor significância), mas não os vemos tendo que descobrir quem fala e porque falam tantos assuntos coloquiais irrelevantes para o contexto. Ok, família é assim mesmo, mas um filme não precisa nem deveria ser.

 

Dividido em duas partes sem a menor necessidade do recurso, a primeira foca na véspera e na noite de natal enquanto a segunda, logo após o feriado de final de ano e, a coalizão e desenvolvimento dessas duas ocasiões, é absurdamente desinteressante.

A opção da direção em manter distância das suas personagens trabalhando todo o tempo com câmera estática e tomadas médias ou ligeiramente amplas, (raríssimos planos abertos), e sem nenhum close-up fazendo com que, ajudada pela luz e fotografia escura, distinguir seus rostos é um esforço cansativo que vai matando todo o interesse neles, isso, se a construção de personagens fosse bem feita o que não é para nenhum deles.


A total ausência de alegria em toda película (porque ninguém está feliz em estar ali) tenta ser compensada com um tipo de humor sem graça, quando não escatológico, e o tema “morte” está presente na mesa e nos diálogos quando não estão discutindo sobre a diferença entre manteiga e margarina. Ok que dois diálogos, apenas dois, conseguem ensaiar alguma profundidade menos rasa que são o da sauna e outro dentro de um carro na garagem, mas já chegam tarde demais para atingirem alguma relevância, se é que tinham.


Para piorar, o ritmo é demorado em função de tomadas demasiadamente longas de onde não se extrai nada de relevante nessa conjunção de tantas escolhas intencionais errôneas que só geram constrangimento fazendo de Tempo em Família uma enorme perda de um tempo que não se recupera mais.


Lamentável, principalmente pela Finlândia já nos ter dado indicados ao Oscar como: o espetacular Noite Decisiva (2015), aqui Tom of Finland (2017) aqui   e ter produzido, ano passado, o interessante Folhas de Outono(2023) aqui  que não só arrebanhou o prêmio do júri do Festival de Cannes como também conseguiu inserir-se entre os 15 Melhores Internacionais, o que me leva a perguntar: O que houve com Relacionamento Aberto aqui que não ocupou essa candidatura?   



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