Cinéfilo que realmente é cinéfilo costuma ser motiva, principalmente pelo diretor da obra uma vez que eles têm um estilo preconcebido e uma temática recorrente como todo profissional que se prese. Sim, o nome do diretor sempre funciona como uma alavanca para seus trabalhos o que nem sempre, em alguns casos, é garantia de sucesso como foi “Carol” em 2005.
Esse é o caso do veterano Todd Haynes que gera interesse ao lançar um novo filme, no caso o curioso #SegredosdeumEscandalo, com a sempre maravilhosa Juliane Moore e a sempre chatinha Natalie Portman mantendo sua característica de mergulhar fundo em suas personas sempre complexas em suas contradições e sempre inseridas em contextos sociais muito densos.
Haynes começa sua narrativa quando o conhecido escândalo já acabou há muito tempo, pelo menos cronologicamente há 24 anos, e não contarei do que se trata. A questão proposta é a intervenção de uma atriz que pretende estudar a protagonista para vive-la em um filme a ser feito em breve provocando uma investigação que expõe um mais que velado contexto de rancores guardados, toneladas de silêncios guardados e uma gama infinita de fingimentos familiares e na sociedade circundante.
O diretor é hábil como sempre em remexer grandes dúvidas de suas personagens deixando-as conosco e, como sempre, não tem interesse em solucioná-las para nós, preferindo transitar a narrativa utilizando-se de vários espelhos, reflexos e reflexos de reflexos numa clara referência de que as coisas nunca são como parecem ser e tão pouco as pessoas (todas) são tão apegadas aos valores que apregoam.
Assim, #MayDecember, utiliza-se de um escândalo para trata-lo de forma leve, beirando a comédia, brincando com a tragedia, o melodrama e até o novelesco, mas merece seu crédito pela assinatura do diretor e pelo seu inegável estilo.
De qualquer forma, eis um trabalho só para amante de Haynes.
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