Analise nº 1.667

Depois do espetacular e inovador “A Zona de Interesse” que você pode ler aqui, praticamente todos os filmes sobre o tenebroso holocausto se tornaram mais do mesmo se é que pode qualificar dessa forma um assunto tão importante quanto aterrador.

Filmado em locações verdadeiras na Polônia pela detalhista diretora canadense, Louise Archambault conta-nos uma tensa e comovente história real sobre a vida da enfermeira Irena Gut Opdyke, uma jovem polonesa de 19 anos que conseguiu salvar a vida de uma dúzia de judeus, corajosamente e audaciosamente escondendo-os justamente no porão da casa de um comandante nazista, onde ela trabalhava, durante a Segunda Guerra Mundial.

Situando a ação em 1939, quando a ocupação nazista do país se intensificava, #Irena'sVow foca na perseguição dos judeus da cidade e de todos aqueles que, direta ou indiretamente os abrigavam, o filme não nos poupa de umas duas ou três cenas devastadoras de violência embora o enquadramento nos poupa de grandes detalhes, mas elas servem para galvanizar a empatia de nossa heroína e o nascimento de seu ímpeto em ajudar as vítimas mesmo correndo grandes perigos.

O roteiro, focado nela, esforça-se para retrata-a como uma jovem inteligente, de raciocínio muito rápido, cheia de bravura, alguém que toma decisões difíceis, se expõe e se submete a alguns sacrifícios. A atriz canadense, Sofhie Nélisse, que interpreta a protagonista, brilha dentro de uma interpretação minimalista e profunda fazendo-nos ficar com os olhos grudados nela.

Não sei até que ponto o roteiro de uma história real, utilizou licenças poéticas nessa narrativa, pois a cena do jantar onde ela preparou e serviu sozinha mais de 100 convidados – mesmo que “ajudada” por seus escondidos amigos – parece inverossímil por demais e desafia nossa credibilidade. Essa cena, em especifico, teria sido criada apenas para mostrar o quanto os nazistas eram ingênuos? Parece.

Enfim, embora seja real, muito bem contada e interpretada, #IrenasVow não foge em nada dos clássicos filmes sobre aqueles que dedicaram suas vidas para abrandar ou salvar a vida de estranhos em um dos períodos mais nefastos da humanidade reservando sua melhor e mais emocionante parte para os créditos finais onde a própria Irena – agora uma octogenária – apresenta-se ao público concluindo de viva voz e imagem essa triste, porém bem sucedida empreitada de vida.

Comentários