O diretor e roteirista Sam Esmail, após o sucesso do ótimo “Não Olhe Para Cima (Análise 1.552), retorna com um outro inteligente thriller pós apocalíptico que, ao meu ver, ancora-se muito mais numa realidade eminentemente possível, e, por isso, muito mais assustadora para pessoas antenadas em vários processos que já estão acontecendo.
Com produção da família Obama, (que sabe muito mais que nós), a adaptação do romance homônimo segue (mesmo num roteiro presumidamente ficcional), apostando muito na interação humana, com suas constantes diferenças e preconceitos, criando algo como uma peça teatral filmada, privilegiando ao máximo os diálogos e diferenças entre os personagens principais, personificados por um elenco estelar, dividindo a narrativa em três significativos capítulos o que permite evidenciar cada vertente do antes, do depois e dos porquês.
Esmail mergulha fundo no “Zeitgeist” (o conjunto do intelectual, sociológico e cultural de uma região que pode também abranger o mundo todo), criando cuidadosamente situações que minimamente estranhas, mas compreensíveis que vão escalando para uma magnitude a beira da incompreensão. E é nesse não entendimento dos fatos que reside toda a aura de grande tensão, quase terror de todo o trabalho.
E é nesse brilhante estratagema que o filme além de ser um entretenimento do qual fica impossível retirar os olhos, vai desafiando o espectador a refletir e pensar incansavelmente. Bom, ressalvo que faz isso maravilhosamente apenas para aqueles “mais antenados” e menos dispostos a tomarem a postura da filha do casal sempre em estado “anestesiado” de querer apenas absorver distrações das mídias feitas e construídas apenas para distrair os humanos de questões atuais do nosso planeta num momento tão significativo e mega importante para a humanidade.
Com uma câmera frenética e oscilante utilizando-se também de grandes panorâmicas fora do núcleo familiar, tudo muito bem costurado com uma trilha sonora que beira o dissonante e o desarmônico ajudando a estabelecer o caos gradativo, #LeavetheWorldBehind trabalha de forma muito sagaz a frágil estrutura de um mundo conectado, analisando com maestria nossa sociedade, no micro e no macro, deixando-nos um discreto alerta e várias pistas que a ficção pode ser a realidade do amanhã.
Para os fãs de grandes explicações e ‘morais de histórias” toda obra pode terminar em profunda decepção quando, na verdade é um verdadeiro alerta e convite para mudarmos nossa faixa vibratória e dissolvermos consequências desastrosas muito além de qualquer e banal teoria de conspiração.
Que as forças da luz brilhem sobre a escuridão permitindo que o novo humano surja ascensionando juntamente com a mãe Gaia.
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