Analise nº 1.669
A animação vencedora do Oscar 2024, do BAFTA e do Globo de Ouro não poderia advir de nenhum outro local que não do Studio Ghibli e de seu mestre maior, a lenda viva, Hayao Miyazaki que já brindaram o mundo cinematográfico entrando mais que merecidamente para a antologia do cinema moderno tamanha beleza de seus traços e estórias.
#OMeninoeaGarça, provavelmente a última produção conceptiva do mestre Miyazaki, no auge de seus 83 anos, não só é a mais cara produção de animação feita no Japão, como também é uma fantasia muito pessoal dele - cheia de saudades de sua infância - que reverencia, indiretamente, outros trabalhos de sua autoria embora concebida de forma 100% autoral e diferenciada ainda que inspirada no seu livro de infância, o romance de 1937, escrito por Genzaburō Yoshino, “Como você vive?”, título totalmente diferente do que chega para os espectadores brasileiros.
Investindo numa pegada muito mais adulta e muito mais fantástica que seus magníficos trabalhos anteriores, Miyazaki situa sua estória durante a Segunda guerra Mundial embora apenas como pano de fundo para, através de seu menino de 12 anos, seu protagonista, mergulhar onírica e profundamente em uma jornada de amadurecimento de seu protagonista cheia de traumas, dores, dúvidas e tomadas de decisões necessárias a transição da juventude para a vida adulta, - passando pela força de um legado e de um luto - através de um verdadeiro e psicodélico e multicolorido e caleidoscópio de emoções ao adentrar em um portal para um universo onde se situa grande parte da narrativa retirando-nos de um belo mundo de superfície e afundando-nos, logo abaixo, em outro tão escalafobético quanto bizarro onde se “escondem” várias fraquezas humanas.
Bom, #TheBoyandtheHeron não é um trabalho que palavras consigam se quer se aproximarem de sua lírica e alucinógena concepção audiovisual, com sua paleta de cores infinitas, criaturas mais que peculiares e acontecimentos profundamente exotéricos que, certamente escaparão de um público menos maduro.
Pessoalmente, apesar de sua grandiloquência temática e visual, não penso que seja o melhor roteiro do grande mestre por remeter a “Alice no País das Maravilhas” e ao clássico ‘As Viagens de Chihiro” ou mesmo “Vidas ao Vento”, no entanto, é tão revolucionário quanto irretocável, principalmente por ser uma animação estupenda que equilibra muito bem o extraordinário com o assombroso levando-nos a uma mais que memorável e inimaginável jornada.
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