Quem acompanha cinema, de verdade, há muito, como já disse várias vezes, o talentoso Ridley Scott, lamentavelmente perdeu a mão artística que chocou o mundo em Blade Runner, e, #Napoleão é a prova cabal disso.
A proposta de trazer à íntegra e com muita precisão histórica a vida do monarca francês de maneira épica e de forma grandiosa, acaba por ser uma coletânea de equívocos cinematográficos principalmente no que concerne ao roteiro, fazendo de suas duas horas e trinta minutos uma experiência cansativa por demais.
Não há como negar que a abordagem tentando mostrar-nos um homem frio, calculista e ambicioso movido por seu patriotismo em contraponto com sua “escravidão” e submissão a mulher amada, Josefina, poderia até ser interessante, mas acaba no maçante.
Na minha visão, é essa preocupação excessiva de ser fiel a biografia que reside os inúmeros percalços do roteiro que cria e introduz três personagens (por exemplo), Mãe, irmão e o czar da Rússia, para simplesmente abandoná-los em meio ao caminho. As duas longas cenas do referido czar são tão desnecessárias que poderiam ser apenas mencionadas numa fala.
Outra coisa que incomoda é um filme passado na França, com diálogos em inglês inclusive com jornais escritos nessa língua o que, a meu ver, descredibiliza profundamente a proposta, mas seria perdoável se os “erros” não se sucedessem numa continuação de cenas “avulsas” que não acrescentam dramaticidade alguma no arco narrativo, perdendo totalmente a manutenção do pico de interesse.
Tecnicamente #Napoleão parece, à primeira vista, muito bem realizado, mas um olhar mais aguçado percebe a dissincronia da trilha sonora enquanto a fotografia se equivoca nas paletas e alternância dos momentos, confundindo ainda mais por uma montagem, como já falei, repleta de cenas desnecessárias.
O grande acerto está nos fabulosos figurinos mais que dignos de méritos e nas interpretações que ficam claramente a cargo da excelência dos profissionais envolvidos do que propriamente de uma direção de atores.
Com todo respeito que merece sem dúvida alguma o já octogenário Ridley Scott, Napoleão é a própria derrocada de Waterloo.
Para amantes do cinema, é muito triste presenciar esse canto do cisne.
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