O diretor sul africano, Oliver Hermanus (O Rio Sem Fim-2015), lança seu último trabalho no Festival de Veneza/ 2019 conquistando grandes elogios da critica especializada, sobre a adaptação da autobiografia homônima que trata da Força de Defesa Nacional da África do Sul, no início dos anos 1980, na época do Apartheid, onde o ódio aos negros e a homofobia atingem o ápice da violência na mentalidade e ações da supremacia branca do país.
Inteligentemente, embora transite sobre a descoberta do amor dentro do inferno, o roteiro desvia-se da construção de um romance (ao modo de Bent-1997), pois a impressionante câmera de mão observa e acompanha a intimidade de um recruta lutando para ser invisível em meio a um sádico, brutal e angustiante treinamento de combate, repleto de violência psicológica, numa tropa onde a homossexualidade é considerada crime contra Deus e país e, portanto, passível de drásticas punições.
Embora o roteiro não busque apresentar surpresas, a direção nos leva com ela através de um realismo impressionante, amparado pelo ótimo ritmo ( mesmo com um flashback prolongado), fotografia, direção de arte e pela constante manutenção do medo exprimido pela minimalista e expressiva interpretação do jovem ator sul-africano, Kai Luke Brummer, e todo o competente elenco de apoio.
Embora brutal, “Moffie” ( gíria ofensiva gritada em cena), trafega por momentos de comportada sensualidade masculina e ternura explicita, fugindo do estereótipo dos filmes do gênero, configurando-se numa produção despretensiosa, quase indie, mas que açambarca o universo amplo dos desejos, das descobertas, das intolerâncias e das desumanidades formatando um potente drama que se fecha, primorosamente, em aberto.
"Faça o que puder para ficar invisível".
Ps1: Programado para lançamento este ano, chega apenas disponível em VOD
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