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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Fúria Primitiva – EUA – 2024


Antes de mais nada ou qualquer coisa, já vou deixando um alerta para as pessoas mais sensíveis que se trata de um filme sobre violência – Vide o título – e quem tiver problemas com isso deve evita-lo ou se aventurar num filme inovador ao estremo mesmo que feche os olhos durante algumas cenas, pois tem hora que dói.


A estreia de Dev Patel como diretor, protagonista, produtor e roteirista é uma gratíssima surpresa que resulta num filme de gênero totalmente diferente do padrão Hollywoodiano em todos os aspectos principalmente por construir um “herói” que não deseja tal título e se esquiva dele magistralmente compondo apenas um homem que vai em busca de sua vingança sem nenhum requisito e clichês hollywoodianos inclusive no que concerne a sua psique. E, eu poderia passar horas elencando as enormes divergências dos heróis lutadores do cinema americano – tipo os John Wick da vida – mas deixarei esse aspecto por conta do inteligente e perspicaz espectador.


Partindo do mito hindu da divindade Hanuman, que é metade homem, metade macaco, o enredo nos apresenta um pária da desigual sociedade hindu que depois de anos de raiva contida consegue se infiltrar no meio da elite opressora e maligna de Mumbai em busca de um acerto de contas com os poderosos homens da alta sociedade que lhe roubaram tudo de mais precioso que tinha. Sua mãe e sua infância sem se afastar, momento algum, do paralelo entre sua estória com a estória do Deus Macaco recontando-a de maneira mais que brilhante, inusitada e imagética.


Nessa saga onde a violência dos poderosos e corruptos destroem e tomam tudo das castas miseráveis consideradas “inferiores” em busca de mais riqueza e poder político-social, com imagens reais da repressão policial em prol de um segmento político-religioso abjeto, fica-nos impossível não nos conectarmos com a fúria do homem em sua jornada sanguinária em busca de mudanças no status quo a partir de sua vingança pessoal sem olvidar de uma complexidade espiritual.


Com elenco asiático #MonkeyMan trás na estrutura do roteiro uma mise-en-scène magnífica, coreografias impressionantes, uma mais que espetacular e frenética montagem que picota flashbacks caóticos que só entenderemos totalmente durante a evolução da narrativa enquanto uma câmera subjetiva nos insere em ambientes claustrofóbicos com uma fotografia sombria, difusa, em cenários oníricos com uma direção de arte primorosa ao nos mostrar os dois lados da desigualdade social na Índia atual.


Dev Patel na direção é preciso, resultando num trabalho consciente das decisões tomadas – a troca justificada das armas convencionais pelas armas brancas de seus inimigos - ao expor uma visão cultural adaptando o já quase desgastado gênero de ação para a conjuntura indiana compondo um mais que inovador projeto para quem conseguir ultrapassar o óbvio e enxergar a quintessência da arte cinematográfica.

Ah, sim! Não há gancho pra continuações e muito menos franquias intermináveis já que a jornada desse herói tem princípio, meio e fim. Ufa!



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