O vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2023, é um daqueles cada mais vezes raros filmes onde um roteiro inteligentíssimo e sagaz se une a uma direção certeira que se casa com um diretor de fotografia e todos trabalham tão em uníssono que conseguem manter o público em alto pico de interesse durante suas duas horas e meia em torno de duas únicas questões: Inocente ou culpada? Suicídio ou assassinato?
Partindo de uma queda mortal, a diretora Justine triet constrói com seu diretor de fotografia um clima de observação minuciosa utilizando-se de muitos zooms, alternância de focos, planos detalhados de expressões de seus atores e objetos da casa alternando com planos estáticos e fechados que logo se alternam para uma câmera de mão para seguir uma personagem sem jamais dar alguma pista, muito pelo contrário, ampliando cada vez mais a ambiguidade de uma mais que desconfortável, incomoda e dolorosa situação para todos envolvidos.
O roteiro progride numa investigação policial inconclusiva para eles e para nós, aumentando ainda mais não só o suspense como o mistério e, evitando os clichês hollywoodianos, vai cavando e expondo um sem fim de novas hipóteses e provas inconclusas ampliando um dramático jogo de ambiguidades para o espectador que ora se convence disso ou daquilo para logo abandonar suas convicções em prol de nova descoberta.
A mais que competente atuação da protagonista a atriz alemã, Sandra Hüller, o do menino Milo Machado Graner, amplificam o pendente embate entre mãe e filho cada vez mais confuso pela apresentação de alguns inteligentíssimos flashbacks que vão expondo comportamentos dos envolvidos deixando-nos mais confusos ainda com a música alta e perturbadora de um caso que atrai a atenção da mídia com suas constantes coberturas também especulativas e duvidosas.
#AnatomiadeumaQueda, com seus diálogos eloquentes, é um mais que bem montado quebra cabeças agindo inteligentemente entre o real e o imaginário, transitando por subjetividades e ambiguidades até a sua conclusão, mostrando-nos, várias vezes, as inúmeras formas que compõem uma verdade e as várias faces de uma mentira e quão pode ser humanamente doloroso trilhar esse caminho, configurando-se numa obra para amantes do verdadeiro cinema - aquele que nos bota para pensar - e jamais para um público apreciador de entretenimentos de soluções fáceis, pois a vida em si mesma, nada tem de simples e nem todo Happy End é festa. Às vezes é só alívio.
Até agora o Melhor Filme de 2023! Imbatível!
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