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O representa do Marrocos no Oscar 2020, é uma deliciosa e profunda que mistura a perfeição um drama familiar com uma potente crônica social que, através de tocante e esmerado estudo de personagens, apresenta-nos duas mulheres em meio a uma cultura ancestral que promove a rivalidade feminina, acabam por se ajudarem mutuamente promovendo o rompimento de seus respectivos traumas ao mesmo tempo em que propicia ao espectador uma visão contemporânea do papel da mulher na sociedade marroquina e, por que não, no mundo atual.
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Partindo de roteiro mais que enxuto, a diretora Maryam Touzani aposta na espetacular dinâmica entre duas personagens com personalidades e vivências muito distintas, para estabelecer (dentro do previsto, mas não de forma previsível), ondas de atração e repulsa entre elas de forma altamente verossímil de tal forma que, o pulsar de vida e o pesar da morte se encontram sob um mesmo teto servindo de combustível para a alternância das posições de comando dentro de um simples e ao mesmo tempo complexo embate cênico.
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A excepcional dupla de atrizes (nem só de Hollywood vive o cinema), agigantam suas personagens através de interpretações magistrais muito bem aproveitadas pela segura câmera de Maryam que explora através de inúmeros close-ups a gama de sentimentos contidos e vividos até começar a abrir os enquadramentos a medida que essas mulheres vão se libertando interiormente de suas amarras. A câmera de mão também é um show à parte ao adentrar nas ruas, becos e vielas públicas reservadas aos homens, mas transitada apenas por mulheres combativas.
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A separação dos espaços do masculino e do feminino é discreta, mas genial tal qual a relevância da elaboração mística da comida, a alquimia dos sabores misturada a paleta em tons pasteis, levemente amareladas, banhando ambientes e vestimentas até avivarem-se no segundo ato em cores mais quentes e saturadas.
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Assim, o roteiro de #Adam que evita aprofundar em julgamentos morais num mundo onde “todos vigiam e falam de todos”, ainda conta com uma montagem precisa em seus cortes trabalhando muito bem a força empática da trama e personagens, pincela costumes locais regidos pela religião num mundo onde “Nada pertence às mulheres” configurando-se num trabalho delicado, repleto de sutilezas e onde a profusão de emoções nasce da dicotomia entre o enfrentamento e a superação.
Vale cada segundo de apreciação.
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Ps1: Disponível em VOD
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